Should this blog be deleted?

2007/09/18

Epifania

Outro Verão que nos beijou a cara, de longe, e deixou saudades de Sol e Mar.
Outro Verão que passou, entre sorrisos e brincadeiras sem importância, mas em que muitas coisas foram ditas seriamente no mesmo olhar. E o sentimento mudou, cresceu, evoluiu… eu cresci, e vejo agora em ti o que antes sempre passara despercebido (entre resvalares inertes de indiferença), traços com que me identifico, histórias às quais me vou ligando e, por elas, habituando-me a ser embalada com vagar.
De uma forma paulatina e voluntária, vou descobrindo partes de ti que me pertencem, e vendo que tu também és do mesmo caule. Do mesmo sangue, da mesma força, exalando mudamente a mesma voz, gritante, pelos mesmos ideais que nos unem e separam na Razão. Observo, curiosa, com o que sempre convivi mas que só agora reparo. És o quadro mais antigo da minha casa, a que eu nunca dei tempo para perscrutar.
Abstraindo-me de toda esta confusão de muitos anos em debandada, ela vai-se dissipando. Com calma, apercebo-me do que sempre foi e sempre será: é o teu grave que me aquece, o teu jeito reguila que me alegra, as tuas piadas que me instigam e o teu toque que me magnetiza, numa liga de estranho e familiar. É o costume a ti que me faz voltar, todos os anos, todos os dias, à praia em que fomos e seremos mais – ao que me faz Ser, crescer bocadinho a bocadinho, e aprender aos poucos a caminhar. Mesmo não me dando a mão, as tuas pegadas sempre acompanharam as minhas.

Era tão óbvio, e romanticamente irónico que a História se fizesse tão ridiculamente precisa, repetindo-se as estórias de amor de cada século.

Dizem que os opostos se atraem… eu? Acho que o amor é exaltação última: o reflexo desconhecido do melhor que há em cada um. Tão evidente, que quase parece uma lenda - um filme -, um conto lido à noitinha aos mais novos para adormecer.
O desfecho... agora está nas tuas mãos: virás acudir-me quando precisar, no corcel que fomos alimentando, todo o Tempo que passámos juntos sem pensar?

2007/09/16

(?) - question mark

Como é possível que me confundas os sentidos, me baralhes o corpo e não saiba se hei de sentir repulsa ou te amar?
Como em toda uma existência da qual sempre fizeste parte só agora brilhaste e sem aviso entro em ebulição?
Como é que se pode mudar drasticamente de pensamento sobre algo, sobre alguém, sobre a vida, como dar ouvidos a amigos que sempre tiveram razão?
Como cair na tentação desvairada de seguir um guião há muito escrito, e fazer da vida real uma fábula em que a moral nos acaba por esmagar?
Como me olhas tão meigamente no escuro e depois me picas, se quando só me fazes desabar?

Francisca Soromenho, Lx 2007/09/16

2007/09/13

Tripping.

Uma grande viagem.
É mesmo bom pôr-me a caminho, partir à aventura por uma estrada qualquer. Embarcar numa jornada sem bagagem, sem nada, sem quaisquer correntes que me prendam à terra firme que deixamos para trás.
É indescritível a sensação que me atravessa agora, visto que a euforia da dúvida paira no ar: encontro-me presentemente voltada para o mais pleno dos desconhecidos.
Sinto-me uma navegadora, entre nós dois. Parto pois para algo sem a mais pequena das expectativas, ou melhor, com todas as expectativas do mundo numa só: a derradeira e última de que tudo é possível.
Sou cega tacteando um caminho, uma ponte, uma ligação que possa existir. E não tenho qualquer medo de me despenhar num abismo. Já lá estive muitas vezes, e não me arrependo dos arranhões que fiz ou das cicatrizes que ostento – elas apenas provam que fui, que estive, que Sou. Acabo uma etapa, começo uma nova marcha.
Não é de todo uma romaria, sequer uma peregrinação. Não passa de um filme sem guião, de uma rota sem mapa, de um percurso deixado ao sabor das marés e dos sentidos. Nunca há de ser mais do que isso, do que uma grande busca de um algo incógnito, que sempre revelar-se-á surpreendente.
Por tudo isso mais vale estar preparado, e a única formação possível nem é a do esquecimento, mas a da aceitação; assimilando o propósito firme de que tudo corra pelo melhor, de que se empenhe tudo, de que não se leve nada mais a não ser boa fé e um sorriso rasgado. São as únicas forças intocáveis, que espero que me alumiem na noite escura. Desta vez não há artefactos atrás de onde me possa esconder, por debaixo de onde me possa proteger. Não há relíquias nem engenhos que me auxiliem, porque largo amarras em busca do silêncio retumbante que é o misterioso.
Nada me impede. O passado é intransmissível, intransponível, tornou-me “eu”, mas por ser neste caso irrelevante, fica. Fica e sedimenta-se por si mesmo: é o degrau e a base para subir ao selim da descoberta; é a vacina administrada pela vida e que me deixa à prova da Vida em si. É um caminho solitário, exposto ao mundo. Mas não tenho medo, nem ânsias, nem nada: a dor purificou-me, o tempo sarou-me, e estou leve. Pronta a correr o que for preciso em busca do incerto, sendo o incerto o que mais me fascina. Por isso nem me despeço, e vou. Começo, sem olhar para trás.

Conquistando novos terrenos, desbravando novas florestas, escrutinando os palmos de novo que distam apenas à distância da curiosidade. Nem sei bem. É exactamente essa, a neblina da ignorância pairando que atrai para o desconhecido, que me impele a passar do ponto sem retorno. É o desconcertante do teu perfume doce e viciante a esperança que me deixa inquieta e revoltada, que me impossibilita a simplesmente deixar-me ficar.
Por isso vou.

Posso ser louca, posso ser imprudente. Mas arrisco.
Agora tudo depende do mar. Depende de ti. Depende se as ondas e os ventos são favoráveis, e se tu estás disposto a deixares-te atravessar. Por mim, dou à volta ao mundo, e não regresso nunca mais.

Francisca Soromenho

First day of school

NOVO .
Novas professoras .
Nova disciplina (Economia A allez!) .
Novos programas .
Novos lugares .
Nova sala .
Novo ânimo .
Nova turma (menos um elemento, mas 'sse bem.) .
novo . tudo novo .

2007/09/12

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA

E,
porque o Verão é a vida inteira...


Amanhã acabam as minhas férias, é certo, mas tomei uma resolução que veio a alterar os planos iniciais deste blog:

Como tem sido bem útil e engraçado, tê-lo, por uma questão filosófico-psicológica, vou prolongar o tempo de vida do blog até altura indefinida. Hey, d'ya mind?

2007/09/09

dor fantasma



Estás sempre aqui, sem estar. Oiço a tua voz, sem falares. Vejo o teu corpo, sem te acercares. Sinto o teu cheiro, sem que a mim te chegues. Tremo com o teu toque, e não é preciso que existas.
Serei louca? Ou a tua separação é a pior tormenta de todas? É uma dor que tortura, clinicamente, sem matar; é o amputar irracional de parte de mim e mostrar-me que sou incompleta, sem ele… sem ti. Porque não morreste, não desapareceste! És, estás… só que longe. Só que separado de mim por um oceano, por um universo, por todo o cosmos que me quer dar tempo. Tempo que se arrasta e prolonga, dias que não passam, horas que mangam, minutos que se riem do meu desespero e segundos afiados que se divertem a demorar. Toda uma estação em seu esplendor, em calor estival que tende a arrastar as semanas e os dias sem repousar em ti.
Às vezes pergunto-me se sofres, se gritas, se igualmente te encontras à beira da demência, com uma urgência louca de amar… De facto, até gostaria que assim fosse. Ao menos, sentir-me-ia mais acompanhada.
Tento distrair-me, tento ignorar! Mas aquela sensação estranha e inexplicável de falta perdura, não obstante o que faça para o evitar. Às vezes, quanto mais me tento abstrair, pior.
Sinto-me responsável por ti, como parte integrante que és, que foste. Continuo a imaginar, de pálpebras cerradas, de olhos postos no horizonte ou na paisagem galopante, o que fazes, como te trais cegamente, como me vendes sem reflectir… como te entreténs num mar mais quente e salgado, e numa areia mais fina que tem a sorte de te beijar, por peles mais morenas e sonhos amolecidos em vagar. Não evito, antes de adormecer, te rever por instantes, e passar-te a mão pelos cabelos (num sonho imenso que me parece tão real!). Sim, ainda que o que me dás hoje, seja só uma lancinante dor fantasma, outrora, num singelo momento, fizeste-me completa – e isso vale por uma vida inteira.
Farei por não te inquietar como me atormentas, mas sabe só isto: de cada vez que o vento soprar com mais força, sou eu que te falo; quando a espuma do mar cair de mansinho na tua pele trigueira, sou eu que te beijo; quando se fizer de súbito um silêncio musical que te murmura palavras ao ouvido; lembra-te que sou eu – só eu, numa costa oposta, num sol poente que confronta a tua aurora – que penso em ti, sempre. E recorda-te que é assim, nesse estado nostálgico e saudoso, que eu vivo – todos os dias, todos os segundos, permanentemente, desde que partiste. Com esse rasar fatal de paixão que eu convivo, com essa falta de Ser que martiriza impiedosamente, numa constante descendente que me prende num turbilhão de emoções contrastantes e ferozes, para me consumir. Prendeste-me para sempre e, de longe, sinto-me responsável por te evocar num canto macio de quem ama. (Fazes-me tanta falta!…)


Francisca Soromenho, 2007/07/20

2007/09/08

Sem ti.

Sem ti, não há a graça de ver o amanhecer numa praia deserta.
Sem ti, a noite perde a adrenalina pulsante que me faz procurar, de entre milhares de rostos desconhecidos, a tua face sublime e inesquecível, a tua figura elegante que nos puxa o canto do olho de dentro de uma multidão.
Sem ti, ficam inutilizáveis nos tempos muitas gargalhadas e muitas fantasias jogadas fora, aladas e brancas, sobre o travar de um cigarro.
Sem ti, perdem o sentido todas as utopias pensadas, porque és a razão do seu existir.
Sem ti, não há espera possível que valha a pena, nem razão para o dilema hesitante de te aguardar, ou correr para o teu encontro.

Não há delírio comparável, nem sorriso tão enigmático quanto o teu. Não há escultura mais exacta do que a forma do teu corpo, nem mãos mais fortes e seguras que as tuas. Não há gargalhada mais franca e entusiasmante do que as tuas. Não há na Terra olhar tão penetrante, e ninguém que me conheça tão bem.
Porque desceste ao meu mesquinho mundo e me deste a mão? Porque saíste do teu pedestal ofuscante, se só para me sussurrar ao ouvido promessas que se estendem na areia como as vagas de mar? Porquê inquietar-me na minha pequenez, e me dares a esperança glorificada de algum dia ser algo aproximado ao digno de ti?
Podes me pedir tudo, tudo em troca, pois daria de bom grado o sopro de vida que há em mim por um simples toque divino teu. E deste-me mais, muito mais, de mais até para o que uma simples mortal como eu poderia jamais aguentar.

É demasiada beleza, é demasiada emoção. É um perfeito “demais” enervante, que me faz duvidar da realidade do momento. És demais, demais para existir, demais para que sequer me contemples… és demais.São quimeras destas que fazem o Viver valer a pena. Por vezes, passamos vidas inteiras à espera que aconteçam e, no entanto… não deixa de ficar em nós a estranha dúvida do porquê. Um porquê amargo que nos vai remoendo a cada segundo do dia e a cada badalada da treva, só para cortar com acidez o doce viciante de todo este sonho.
Francisca Soromenho 2007/09/07

Ainda te sinto.

Ainda te sinto.
Ainda te consigo sentir ao meu lado, a tua presença sólida atrás de mim. Ainda consigo distinguir no espaço do nada os teus olhos que me fazem cegar, a tua voz que me vai ensurdecendo devagarinho, e o teu toque que sempre me paralisou, por dentro. Ainda sou capaz de desenhar no vácuo da solidão os teus contornos fluidos e traços marcados, ainda consigo distinguir e acariciar a tua textura viva no ar por onde passaste. O contraste aliciante da tua figura ainda me atrai para sítios por onde estiveste, e não resisto a passar revista em tudo onde tocaste... tudo, tudo ainda emana bocadinhos de ti.
E tudo sabe a ti. O teu sabor ainda não saiu da minha boca, ainda ficou na minha memória. O teu cheiro entranhou-se nos meus dedos, nos meus cabelos, na minha própria pele, em quem eu sou. E não resisto recordá-lo com a amargura que acarreta qualquer cheiro enjoativamente viciante que, de tanto se cheirar, já nem se nota... mas pelo qual se anseia, no mais fiel dos hábitos rotineiros e ritos automáticos do quotidiano. Foi um vício rápido, contudo, arrebatador, e com promessas de ser duradouro... quiçá eterno.
Ainda em mim se roça o duro dos teus lábios e o calor das tuas juras. Ainda em mim se passeia, deambulante, o áspero das tuas mãos e dos teus beijos fortes. E arrepio-me, à noite, por sentir o teu respirar a um canto do quarto. E sinto falta do teu abraço apertado, do teu calor e o confortável que foi por um momento desejasse que fosse “para sempre”. Dos teus dedos pelos meus cabelos, de relance passeando-se no meu braço... durante horas a agarrar a minha mão.
Oiço-te vivo, físico e imutável nos meus passos. Atrás de mim. Sempre, inabalável, a acompanhar-me e dar-me força ainda que no silêncio de um sorriso quase que sussurrado nas esquinas, quase que um murmúrio de alento e conforto de quem “lá está”.

E sei-te igualmente preso, igualmente arrastado, igualmente recordado. Igualmente firme na crença de que estou sempre contigo, em ti..., sabes bem. Tal como eu ainda te sinto, a meu lado, comigo, presente dentro de mim, também tu tens a certeza de que eu não te abandono. Nunca. E confirmo-te que não só é uma certeza tua, como é uma verdade. Porque eu ainda te sinto.

Francisca Soromenho

2007/09/03

Portugal, Lisboa; Casa dos Avós
Terça-feira, 04 de Setembro de 2007; 04.27 am

Aye a Ericeira foi um abuso!
Foram noites com mergulhos vestidos na água, foram horas inteiras de sol e mar, foram jantares com amigos, shots no la luna, conhecer pessoas novas espetaculares e prender-me a muitas mais, foram revelações, foram serões de "cafuné" em que não se dizia nada, foi ver filmes parvos na "Casa das Bonecas" e cantar para o Zé Miguel no Parque de Santa Marta, foi ver o fogo de artifício, sair para o Ouriço e ir a festas, fazer um luau ("shaker night"), dar passeios, apanhar molas, flirtar com o hippie peruano, os californianos..., jantares de família, noites de Ventil à janela nua com o alemão, enfim. Foi tudo. Nem vale a pena contar dias, palavras, pessoas... que estraga a magia da melhor semana do Verão, Ericeira 2007 - do melhor até agora.
TYTS forever nel mio cuore.

Hoje fez anos a minha Quica e o tio Tafo, amanhã volta a minha mãe e o meu padrasto e recomeça um novo ciclo. Quem sabe o que me espera? Amigos antigos regressaram (reencontro hoje) e amanhã quem sabe o que mais!...

Só que sou Livre, Feliz,... e Sou.

A eterna viajante,
Francisca Soromenho

Speechless

Depois de tanto tempo, tantas experiências, tantos dias de sol e mar e tantas noites de risos e luar,
Depois de tantas pessoas novas, tantas amizades travadas, tantas praias trilhadas e cambaleares sem destino nem bem noção
Aqui jaz a viajante, sem fôlego nem palavra, depois de ter conhecido Mundo já não consegue dizer mais nada
Porque depois de se ver e sentir, cheirar e tocar, conhecer a fundo mais que um oceano, mais que um lugar,
O único conselho de que me lembro é vive-o tu mesmo, porque se não Viveres não estás cá a fazer nada! Há todo um pulsar lá fora a chamar por ti. E o Verão está a acabar.
acompanhando a maior viagem de todas