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2007/12/13

Abraços à lareira, e cigarros ao frio.

Parece um sonho, de pensar que ainda há pouco venderia a minha alma – uma alma que de minha não tem nada, quanto muito te pertence – por outro alguém, por outro tu que nem tua sombra era. E hoje dói-me simplesmente pensar na possibilidade de procurar o conforto, satisfazer a necessidade de te ter, noutro corpo, noutros braços, noutros cabelos… Noutros olhos, que não os teus.
Odeio que seja verdade, que enquanto me perdia por outras mãos, por outros lábios, por outros corações, tu, tu lutavas – e fizeste por me abrir. Inconscientemente, sabia que tinhas razão e, mesmo assim, fugi. Neguei em mim a insustentável verdade de que sem ti, não sou nada. E agora que sei que não te tenho, que te perdi, mas que te quero como nunca antes.
Arrependo-me. Choro em silêncio e na secura, por saber que voluntariamente morria por outras palavras, dava voltas surdas na noite por outros beijos, tremia por dentro com outro olhar – gestos que tanto me diziam e que hoje não me dizem nada, actos que falavam em silêncio, e que agora, gritando, não os oiço.

Dói tanto! Se sonhasses o quanto me magoa, o quanto me fere… o quanto me mata, devagarinho, cada suspiro de tua felicidade, sem mim. Estou dividida, hoje – porque morro com cada bater do teu coração contente, e mato-me por saber que só és feliz sem mim. Dói! Morrer assim, lentamente! Dói ver que te tive tão perto, tão inseguro, tão pronto a dar-te, e agora descansas debaixo da asa segura de quem te ama! Dói-me tanto, tanto!
Percebo agora que me embriagava de ilusões e de esperanças, e nunca fui totalmente. Sou, só, Feliz… mas incompleta. Porque sem ti, nada faz sentido e nada merece Ser. Dilacera-me, sabes? Tenho a certeza que por muito que nunca dê, sei que se desse… tenho a certeza, de que se houvesse a ínfima oportunidade no cosmos de te ter… seria bom. Seria bom, e por isso, melhor do que tudo. Seria perfeito – um perfeito nosso, um perfeito simples e pouco rebuscado, repleto de defeitos, de imperfeições, semeado com brigas e atritos. Mas não importaria, nunca! Seria o nosso perfeito, íntimo e recatado, que nos faria crescer e ficar alegres, porque acordaria sempre nos braços para os quais fui feita, os braços que foram feitos para eu adormecer.
Não seriam beijos apaixonados, nem arrepios que me acordariam à noite a suar. Não seriam os delírios loucos de paixões fulminantes, nem o vazio no estômago e um grande pesar. Poderiam vir, esses momentos, com o tempo. Mas, contigo, sei que seria o sono mais profundo, descansado, ininterrupto… sem sonhos, porque viveríamos a derradeira fantasia de construir o quotidiano. Seria a noite mais pura, mais descansada, mais eterna – porque seria contigo, e só contigo, com quem eu poderia sempre confiar que me protegeria durante as horas negras e zelaria por mim, sempre, e por vezes acordaria só para saber se eu respiraria em sossego. Como eu faria por ti.
Não és o mesmo. Não és o mesmo tu ardente que me corrói, por dentro. Não é a vontade de ser tua dona, e de tu seres meu, não é o irritante de seres meu sangue e não estares em mim. É a dor última e fatal de que cada inspirar teu me dá vida, e me mata, e me magoa e me alegra – por seres feliz – mas dói tanto, por sê-lo sem mim.

Destino, destino cruel que farias doer tanto esta certeza de que sou incompleta.
acompanhando a maior viagem de todas