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2008/04/14

QUEM NÃO GOSTA QUE NÃO LEIA

Non, rien de rien...
Non! Je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait,
Ni le mal, tout ça m'est bien égal!

Non, rien de rien...
Non! Je ne regrette rien...
C'est payé, balayé, oublié;
Je me fous du passé!

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux!

Balayés les amours
Et tous leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro...

Non, rien de rien...
Non! Je ne regrette nen...
Ni le bien, qu'on m'a fait,
Ni le mal, tout ça m'est bien égal!

Non; rien de rien...
Non! Je ne regrette rien...
Car ma vie, car mes joies
Aujourd'hui, ça commence avec toi!...

2008/04/07

Conversas (Recantos da minha vida)

Encontro-me aqui sentada no meu cantinho preferido da casa – que, por analogia, lembra-me um pouco toda a minha vida – e penso em ti, novamente.
Neste canto, neste exacto lugar, onde tantas vezes sorri sem razão nenhuma, onde tanto me ri em voz alta até que me viessem as lágrimas, onde tanto partilhei e ouvi atentamente, neste sítio que muito me viu sofrer, em delírios amorosos ou desgostos pessoais. Por esta janela, já me perdi de amores por ti… Nesta exteriorização da minha intimidade – pela forma de uma mesa, uma cadeira, e um vidro para minha cidade – cresci, debati-me, esforcei-me, e simplesmente dei de beber aos olhos e matei a sede da Alma no Tejo. Muito vivi, neste lugar. Agora, tudo parece superficial e passageiro, ante a intensidade da nossa Paixão fulminante, e da descoberta de – sim – um grande Amor.
O Céu está claro, a noite aguarda… e Lisboa sustém o fôlego, por antecipação da alvorada que se avizinha.
Estou a ser trespassada por um turbilhão de emoções, e por mim passa uma infinidade de latejares que não pediram permissão: e estou esmagada, arremessada, compelida pela própria escuridão. Mas, de forma consciente e voluntária, vou caindo neste ócio que me vicia, e que se vai tornando doce à minha boca. Espero que, por uma sintonia transcendente que tantas vezes tivemos, antevejas esta mensagem – e percebas que tu não és uma obsessão nem um projecto, nem um sonho nem uma meta, mas uma necessidade em mim infundida.

Em que errámos, meu amor? Como pudemos ora estar mergulhando na mais mútua e profunda das emoções, embebidos um no outro, ora estar assim – neste silêncio absoluto em que palavras ficaram por dizer, e emoções por contar?
Fui eu? Que não te dei espaço para voar, e acabei por te sufocar com tanto mimo e cuidados? Ou foste tu que, por medo, deixaste que se criasse este muro intransponível de choros abafados e pesos na consciência, sem alívio possível, por te ter faltado a confiança?
Ignorei tudo; deixei de lado o meu orgulho, fiz vista grossa a sinais repetidos com o intuito de fazer que me acautelasse. Por ti, pus de parte tanto, tanto!

A noite apaixona-me! E quero diluir-me na clareza desta Lisboa adormecendo, que a minha vista abarca do Castelo a Santa Isabel. Dissolver-me nas colinas, fazer parte dos fotões de luz nos candeeiros, derramar-me e escorrer do Rato até ao Terreiro do Paço e entrar no Atlântico para sempre. Vou-te traindo, pensando que quero fundir-me neste breu quase mais do que te quero a ti.
Mas, não. Vou sempre ter saudades do teu perfume, e agonizar por pensar que nunca mais te hei-de beijar… Vou sentir a tua falta, querendo-te mais do que ao calor estival num dia de Inverno, mais do que à chuva em tempo de seca, mais do que se quer a água para aplacar a sede. Quero-te, de maneira passiva (estar em ti, encostada, abraçada, segura) e como não se quer a gente… como se tem ânsias da Morte em momentos de dor.

Esta hora diz-me tanto. Nestes primeiros momentos do dia que começa, lembro-me dos teus jeitos e da união de Ser de que comungámos. Era a nossa hora, o nosso momento… o único em que nos entregávamos um ao outro, sem olhar para trás, dando azo a desejos e contando segredos em surdina, fazendo planos e querendo amar, para sempre. Hoje, agora, caminho novamente só. De pensar que tanto tempo me acostumei a esta solidão, e agora me custa tanto a companhia dos meus próprios passos!
Queria pedir-te para voltar, que esquecesses o Mundo e me visses só a mim. Mas não dá, não posso, nem bem quero… Quiçá por medo da rejeição. Oh, conflito interior, não me peças para escolher entre um de nós!

Estou cansada, e busco forças no firmamento – o mesmo sob o qual nos conhecemos, certa noite, quando o rio repousava à nossa frente, e uma fria aragem passava para nos fustigar… Que dor, que dor! Este viver por ti e para ti, somente, pelo simples facto de não te poder ter. E preciso de razões que justifiquem todo este martírio, e de certezas que atenuem esta dor, esta frustração que me toma de completo e me desconcentra de tudo o mais. Apenas este luar me absorve, por momentos que me parecem, em jeito de paradoxo, curtos mas intemporais, (os primeiros pela minha miudeza de Espírito, perante a Majestade das estrelas, e o segundo por estar de ti apartada).

Já me decidi: vou largar-te. Vou largar o quanto te adoro, quanto te quero, e o meu sentimento por ti será como o murmúrio da água sobre pedra – um clamor silencioso e agradável ao ouvido, que se vai adensando na Natureza de quem ouve e moldando a própria rocha. A seu tempo, hás-de perceber o quanto parte de ti já sou, e a falta que te faço; pois não me convences de que tanto sentimento passe indiferente, por um rasgo de Razão. Na voz do vento que te beija a face, serei eu, cantando; e a água fresca que te molha será mais uma memória do que partilhámos. E, sem tendo a autoridade para de ti exigir o que quer que seja, hás-de me dar uma explicação, por essa mesma nostalgia…ou assim espero, desejo, preciso; para que descanse.

Fora tão simples o agir, quanto é o falar. Fora tão simples comandar a emoção. Fora tão simples Entender verdadeiramente. Não é; abandono-me à Vida, e a ti.

Sabes? Sou Feliz. Independente do que tenha vindo e do que vier, não me arrependo de nada, e teria repetido tudo exactamente da mesma maneira, (depositando apenas maior fervor em cada beijo e abraço, hoje que sei o seu valor…). Valeu a pena, tudo, e se morresse agora, seria com um sorriso rasgado na face – e com uma grande gargalhada, fora de facto, a teu lado! “…Podia ficar, assim, para sempre.”



Francisca Soromenho
acompanhando a maior viagem de todas