Should this blog be deleted?

2009/02/27

Um Mar de ti

Deixo de raciocinar... anulo-me e ponho os meus olhos de lado.
Oiço.

Como é que tão insuspeitamente me conquistaste de todo?
Com pouco mais de um olhar, e sem pedir licença, arrebatas-me. Estou infinitamente cativada, e gozo. Cada célula em mim se comove de maneiras inexpressáveis... e tu, nem sonhas. Limitas-te a observar, de forma suave, à medida que te entranhas, fatalmente, mais um pouco.
Tentas-me só por existires. Corro o risco de, por ti, me vender. Apaixono-me quando respiras e o calor do teu corpo perto do meu... estou quase a enlouquecer, de forma controlada. Dás melodia ao rufar da chuva que me fustiga e tocas-me tanto, sem te moveres, que dás prazer às tormentas que me querem calar. Contudo, a minha liberdade ante ti parece totalmente insignificante.
A minha pele chora de mansinho. Os meus ouvidos deliciam-se. Os meus olhos viajam em cada acorde.... O meu corpo é uma explosão de sentidos, levemente estimulados por um pouco de ti.
Vibro e tremo compulsivamente, por dentro. Em cada trinado, morro em silêncio – e ressuscitas-me de imediato, mas apenas para de novo me matares. Tudo isto docemente, como uma golfada de vinho que se mastiga.
Perco-me num banquete de ti. Sinestesicamente sou envolta na tua naturalidade turva. Fecho os olhos,... e a negrura que vejo é o breu dos teus cabelos.
Tu não sabes, mas vais-me viciando. Involuntariamente, dás-me de beber à alma... e eu já me quero afogar em ti. Quero embriagar-me, perder-me, fundir-me contigo sem palavras – porque tudo o que possa dizer desvanece, é irrelevante.
Fora tão simples ser-se feliz! Quisera eu que me absorvesses em todos os momentos, pudera eu fazer parte dos teus versos ondeantes!
Da mesma forma delicadamente repentina, e com uma celeridade divina, acaba. Num só momento passou por mim toda a vida dançando, e desfilaram no meu âmago todas as emoções possíveis. Agora que passou o clímax, cessou.
A brevidade de ti chega-me, cega-me, imobiliza-me, prende-me num paradoxo que me faz voar. Ainda assim... quero mais.

Olhas-me. Sorrio, e penso: o Céu? Não pode ser melhor.

acompanhando a maior viagem de todas