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2007/08/17

Final

Pairará sempre na mente de todos os que respiram, os que amam, os que sofrem, dos que se acham dignos de viver uma incerteza surda que nos remói por dentro: até que ponto há um final? A partir de aonde é que uma etapa acaba, e outra recomeça?
É tão incómodo pensar que todos os Mundos, todas as paixões, todos os delírios ardentes têm um final, tanto quanto desconfortável acreditar que sempre estarão presentes, num sussurro insonoro que nos vai corroendo de cada vez que recordamos.
Em tempo de mudança, quando uma realidade nos abandona para nos deixar livres para que outra se assente em seu lugar, não evitamos a tremer de cada vez que nos lembramos de outros tempos, de outros amores de Verão, de cada vez que contemplamos em cinzas o rasto de fogo que outrora queimava, em seu lugar.
Quando nos concentramos é fácil esquecer, fácil deixar de lado as fantasias antigas que sempre espreitam e apelam nos momentos de maior dor. Mas estão sempre lá, ansiosas por uma oportunidade para consumir as noites quentes estivais, para nos regelar os pensamentos em tardes encobertas e até para nos acalentar a memória no ócio invernal que se arrasta em Dezembro.


No que toca a desfechos, somos perseguidos por paradoxos: é inseguro viver sem eles, mas penoso o caminho até os atingirmos. E nunca, nunca temos a certeza de uma conclusão, por mais que nos tentemos convencer do contrário – o “Fim” é uma invenção humana para nos dar segurança, uma ilusão ansiada, na qual nos arriscamos a perder.

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acompanhando a maior viagem de todas