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2007/12/30

Carta a Deus

Obrigada por outro ano cheio de experiências.
Obrigada por me deixares acrescentar mil e uma vivências.
Obrigada por tudo que passou, que vai passando.
Obrigada por me dares a vida para eu a ir enfrentando.
Obrigada por em cada sorriso, em cada olhar,
Ver um brilho de Ti, uma ponta do teu amar.
Obrigada que em cada dia o sol nasça,
Obrigada que a lua sempre brilhe, e eu me faça
Maior, melhor, à Tua imagem,
Com mais Força, Vontade, eu vou, nesta viagem.
Obrigada por todo o sofrimento,
Toda a dor, todo o instante e a cada momento
Em que eu vou percebendo, mesmo sem saber,
Que tudo acontece porque tem de acontecer.
Obrigada pelas chatices que sempre se resolveram
Obrigada pelas entrelinhas que nos apareceram
Peço acima de tudo que tenhas piedade
Por todos os pecados com que contraí amizade…
Intencionalmente, ou mesmo sem ser,
Peço desculpa pelas vezes em que Te fiz sofrer.
Sei que acima de tudo nunca me deixaste
E quando tudo parecia escuro só Tu me alumiaste.
Obrigada por sempre acreditares
E “eu sou capaz”, só por Tu me amares
Obrigada por um 2007 tão cheio de Ti, de todos, de mim pelo meio
Mais um ano que passou porque assim o quiseste,
Obrigada meu Deus, pelas benesses que me deste.
E que cada Amizade seja para enriquecer,
Cada desventura do dia me tenha feito aprender,
Que cada conselho que tenha sido dado,
Não tenha sido por querer, mas por tua Vontade.
Que 2008 seja igualmente produtivo,
Que em cada instante, eu esteja Contigo.
Peço desculpa se este ano Te abandonei.
Prometo que para o ano a sério tentarei
Comungar mais de Ti,
Viver mais do que é bom para mim.
Mesmo que nem tudo se vá resolvendo,
Que eu contribua, Senhor, para um melhoramento.
Que este ano seja activa em todos os campos,
Família, Amigos, e noutros tantos
Que me cultivando vá engrandecendo os demais
Que por fim se perceba que todos somos Iguais.
Peço-Te por todos, peço-Te por mim
Que seja um ano pacífico, que no fim
Consiga dizer-te de limpa consciência
Que em cada dever pus toda a minha essência.
A Ti Te entrego todo o meu futuro,
E se ao terminar este ano não esteja neste Mundo,
Que esteja Contigo, para sempre.
Que de ti não me separe, que nunca me faça ausente.
Por mais males que me venham a cair,
Prometo-Te que nunca vou desistir,
De Ser, ser Feliz e de Amar…
Que ninguém diga que eu só sei sonhar.
Porque AGINDO com Tua graça,
Sei que neste ano, não há nada que não Faça.
E finalmente obrigada por me teres feito aprender
Que há mais na vida do que simplesmente viver.

Francisca Soromenho
Passagem de Ano 2007-2008

2007/12/13

Abraços à lareira, e cigarros ao frio.

Parece um sonho, de pensar que ainda há pouco venderia a minha alma – uma alma que de minha não tem nada, quanto muito te pertence – por outro alguém, por outro tu que nem tua sombra era. E hoje dói-me simplesmente pensar na possibilidade de procurar o conforto, satisfazer a necessidade de te ter, noutro corpo, noutros braços, noutros cabelos… Noutros olhos, que não os teus.
Odeio que seja verdade, que enquanto me perdia por outras mãos, por outros lábios, por outros corações, tu, tu lutavas – e fizeste por me abrir. Inconscientemente, sabia que tinhas razão e, mesmo assim, fugi. Neguei em mim a insustentável verdade de que sem ti, não sou nada. E agora que sei que não te tenho, que te perdi, mas que te quero como nunca antes.
Arrependo-me. Choro em silêncio e na secura, por saber que voluntariamente morria por outras palavras, dava voltas surdas na noite por outros beijos, tremia por dentro com outro olhar – gestos que tanto me diziam e que hoje não me dizem nada, actos que falavam em silêncio, e que agora, gritando, não os oiço.

Dói tanto! Se sonhasses o quanto me magoa, o quanto me fere… o quanto me mata, devagarinho, cada suspiro de tua felicidade, sem mim. Estou dividida, hoje – porque morro com cada bater do teu coração contente, e mato-me por saber que só és feliz sem mim. Dói! Morrer assim, lentamente! Dói ver que te tive tão perto, tão inseguro, tão pronto a dar-te, e agora descansas debaixo da asa segura de quem te ama! Dói-me tanto, tanto!
Percebo agora que me embriagava de ilusões e de esperanças, e nunca fui totalmente. Sou, só, Feliz… mas incompleta. Porque sem ti, nada faz sentido e nada merece Ser. Dilacera-me, sabes? Tenho a certeza que por muito que nunca dê, sei que se desse… tenho a certeza, de que se houvesse a ínfima oportunidade no cosmos de te ter… seria bom. Seria bom, e por isso, melhor do que tudo. Seria perfeito – um perfeito nosso, um perfeito simples e pouco rebuscado, repleto de defeitos, de imperfeições, semeado com brigas e atritos. Mas não importaria, nunca! Seria o nosso perfeito, íntimo e recatado, que nos faria crescer e ficar alegres, porque acordaria sempre nos braços para os quais fui feita, os braços que foram feitos para eu adormecer.
Não seriam beijos apaixonados, nem arrepios que me acordariam à noite a suar. Não seriam os delírios loucos de paixões fulminantes, nem o vazio no estômago e um grande pesar. Poderiam vir, esses momentos, com o tempo. Mas, contigo, sei que seria o sono mais profundo, descansado, ininterrupto… sem sonhos, porque viveríamos a derradeira fantasia de construir o quotidiano. Seria a noite mais pura, mais descansada, mais eterna – porque seria contigo, e só contigo, com quem eu poderia sempre confiar que me protegeria durante as horas negras e zelaria por mim, sempre, e por vezes acordaria só para saber se eu respiraria em sossego. Como eu faria por ti.
Não és o mesmo. Não és o mesmo tu ardente que me corrói, por dentro. Não é a vontade de ser tua dona, e de tu seres meu, não é o irritante de seres meu sangue e não estares em mim. É a dor última e fatal de que cada inspirar teu me dá vida, e me mata, e me magoa e me alegra – por seres feliz – mas dói tanto, por sê-lo sem mim.

Destino, destino cruel que farias doer tanto esta certeza de que sou incompleta.

2007/12/04

depois falamos...

Vais ver que um dia não são dias, e tudo assume a sua posição quando é preciso. E tenho tempo, para crescer e ver que tudo dá sempre no melhor.
Saberás, ao passo que fores vivendo... que estou aqui. Pronta, agora, para te abraçar com toda a minha alma.

Amar, é ter a certeza que a Felicidade é somente imperando sobre falhas que nos tornam especiais, sobre obstáculos que nos apanham desprevenidos. E isso faz o Ser, e se torna Vida.

2007/11/12

Siddhartha Gautama disse: tens de ser como água.

A vida escapa-se-me pelos dedos em gritos de agonia. O mundo escapa-se-me pelos dedos em flechas de solidão. A adolescência escapa-se-me pelos dedos em fulgor súbito e golos sôfregos de prazer.
O tempo é relativo, a paixão é relativa. O fogo é relativo, as queimaduras não o são. Porque tem de ser tão complicado viver assim, desta maneira ordinária e carrascona de ser?
Não há alma para tanto. O mundo é pouco, a vida não chega! Para a grandeza do Homem, não basta a omnipotência do Deus vivo. Para aplacar os medos irracionais, não acodem muralhas de betão e cimento; para amainar a sede de poder não é suficiente todo o cosmos.
Tudo se escapa pelos dedos. Como podemos saber quando alguém chora, quando alguém mente, quando alguém sonha, se em primeiro lugar não temos a certeza – sequer a ligeiríssima das noções – sobre os nossos próprios delírios quando decorrem?
O conhecimento é uma ilusão, é uma farsa artimanha articulada meticulosamente pelos estudiosos que tentam abrandar a dor patente que lateja no âmago do personalismo. As dúvidas são maiores que as palmas das mãos, e o conhecimento é água que se escapa pelos dedos.

Não há Razão, nem Consciência. É tudo fabricado, tudo artificial. Desde este texto, ao leitor do outro lado, à palavra digitada num rasgo de dor. Tudo se escapa pelos dedos, a Vida é fluida e inconstante. A vida é uma maré indomável, que nunca conseguiremos parar, o conhecimento é uma corrente imparável, incansável e incessante que nos atormenta por não a conseguirmos agarrar.
O movimento é uma ilusão óptica, a derradeira alegoria que magicámos um dia para tentar explicar. Não há palavras para o inexplicável, não há palavras para nada.

A vida escapa-se-me pelos dedos, em ondas de incertezas e arremessos de crueldade. Não podemos agarrar nada, tudo se nos escapa pelos dedos.

Francisca Soromenho, Verão'07

2007/11/06

Sweet Sixteen.

É tudo tão cíclico, tirarem-nos o tapete debaixo dos pés.

A efemeridade com que tudo passa, de forma circular e retumbante, como se um dia fora outro dia qualquer de há um tempo atrás, do futuro para vir… é sempre a mesma coisa, é sempre igual, é sempre o mesmo reverberar da vida – a oscilação entre preto e branco, que nos dá um cinzento confortável e melancolicamente harmonioso – que nos faz sentir bem, seguros; que nos dá uma razão para acordar, e a força para suspirar em conformidade.
O que hoje está mal, amanhã se resolverá. Se não se resolver, é porque já está resolvido. E é assim. E ficamos por esta esperança infantil na ordem do cosmos, como se nada mais fosse. Ao debatermo-nos, estamos só a contribuir para o curso natural da Vida. Ao aceitarmos, simplesmente vamos agindo, outra e outra vez. Nada do que façamos altera esta condição inexorável de Ser.

Hoje, olho para mim ao espelho e vejo o reflexo dos anos que contam as linhas no meu olhar. Ao canto da boca. As vezes que me ri, as vezes que contraí a cara num esgar surpreso, as vezes em que chorei. Umas mais que outras, desenhando-se num esboço eterno de História, um tombo exposto à curiosidade de todos. Dia por dia.
Cai-nos tudo de repente. Num momento, percebemos que estamos diferentes. Que mudámos. Sem bem, nem mal… mudámos. Mudamos. Tão só. E pensar que fomos tão distintos, tão iguais… traz uma amargura à boca, uma revolta ao estômago; outro arrepio uniforme de uma ilusão doce dissipada nas horas. Cicatrizes, odiadas e amadas no mesmo sentimento apaixonante. Marcas que se fundem na pele, ou na alma.

E é bom? Não. Nem mau. Nem escuro, nem iluminado. É uma sinestesia paradoxal de contrastes vibrantes e emoções díspares, misturadas com o mesmo amor. É isto que a Vida é, no fundo. O Ser. O Eternamente da efemeridade. E é lindo! É enigmático e enfeitiçador. É tudo.

Podemos saber que nada sabemos, e deter toda a sapiência do Mundo num franzir do sobrolho: a verdade, é que havemos sempre de ficar com a mesma expressão parva, atordoada – primeiro assustada, depois curiosa – sobre o que nos vai acontecendo, o que vamos fazendo, o quanto crescemos. Não precisamos de traços nas paredes para saber que sim. Crescemos, mudamos, Vivemos, Somos. Mais hoje que ontem, menos que amanhã! Porque escolhemos ser mais, ser melhor, e não ficar pelo “indiferente”. Porque somos Homens da nossa História, gente do nosso contexto, somos o “vizinho-do-andar-de-cima” de alguém, somos os enamorados e namoradores, objecto dos desejos mudos de outrem. Hoje crianças, amanhã também.
Como tal, é questão de acordar de manhã, sempre, como se fora o primeiro dia de aulas. Reflectir sobre isso… ou não, porque, sem notarmos, já o vamos todos fazendo a cada instante.


Francisca Soromenho,
um dia depois de fazer 16 anos.
(primeiro post após PC ter-se lixado, com computador novo, mente e vida novas... e muito, muito Feliz.)

2007/09/18

Epifania

Outro Verão que nos beijou a cara, de longe, e deixou saudades de Sol e Mar.
Outro Verão que passou, entre sorrisos e brincadeiras sem importância, mas em que muitas coisas foram ditas seriamente no mesmo olhar. E o sentimento mudou, cresceu, evoluiu… eu cresci, e vejo agora em ti o que antes sempre passara despercebido (entre resvalares inertes de indiferença), traços com que me identifico, histórias às quais me vou ligando e, por elas, habituando-me a ser embalada com vagar.
De uma forma paulatina e voluntária, vou descobrindo partes de ti que me pertencem, e vendo que tu também és do mesmo caule. Do mesmo sangue, da mesma força, exalando mudamente a mesma voz, gritante, pelos mesmos ideais que nos unem e separam na Razão. Observo, curiosa, com o que sempre convivi mas que só agora reparo. És o quadro mais antigo da minha casa, a que eu nunca dei tempo para perscrutar.
Abstraindo-me de toda esta confusão de muitos anos em debandada, ela vai-se dissipando. Com calma, apercebo-me do que sempre foi e sempre será: é o teu grave que me aquece, o teu jeito reguila que me alegra, as tuas piadas que me instigam e o teu toque que me magnetiza, numa liga de estranho e familiar. É o costume a ti que me faz voltar, todos os anos, todos os dias, à praia em que fomos e seremos mais – ao que me faz Ser, crescer bocadinho a bocadinho, e aprender aos poucos a caminhar. Mesmo não me dando a mão, as tuas pegadas sempre acompanharam as minhas.

Era tão óbvio, e romanticamente irónico que a História se fizesse tão ridiculamente precisa, repetindo-se as estórias de amor de cada século.

Dizem que os opostos se atraem… eu? Acho que o amor é exaltação última: o reflexo desconhecido do melhor que há em cada um. Tão evidente, que quase parece uma lenda - um filme -, um conto lido à noitinha aos mais novos para adormecer.
O desfecho... agora está nas tuas mãos: virás acudir-me quando precisar, no corcel que fomos alimentando, todo o Tempo que passámos juntos sem pensar?

2007/09/16

(?) - question mark

Como é possível que me confundas os sentidos, me baralhes o corpo e não saiba se hei de sentir repulsa ou te amar?
Como em toda uma existência da qual sempre fizeste parte só agora brilhaste e sem aviso entro em ebulição?
Como é que se pode mudar drasticamente de pensamento sobre algo, sobre alguém, sobre a vida, como dar ouvidos a amigos que sempre tiveram razão?
Como cair na tentação desvairada de seguir um guião há muito escrito, e fazer da vida real uma fábula em que a moral nos acaba por esmagar?
Como me olhas tão meigamente no escuro e depois me picas, se quando só me fazes desabar?

Francisca Soromenho, Lx 2007/09/16

2007/09/13

Tripping.

Uma grande viagem.
É mesmo bom pôr-me a caminho, partir à aventura por uma estrada qualquer. Embarcar numa jornada sem bagagem, sem nada, sem quaisquer correntes que me prendam à terra firme que deixamos para trás.
É indescritível a sensação que me atravessa agora, visto que a euforia da dúvida paira no ar: encontro-me presentemente voltada para o mais pleno dos desconhecidos.
Sinto-me uma navegadora, entre nós dois. Parto pois para algo sem a mais pequena das expectativas, ou melhor, com todas as expectativas do mundo numa só: a derradeira e última de que tudo é possível.
Sou cega tacteando um caminho, uma ponte, uma ligação que possa existir. E não tenho qualquer medo de me despenhar num abismo. Já lá estive muitas vezes, e não me arrependo dos arranhões que fiz ou das cicatrizes que ostento – elas apenas provam que fui, que estive, que Sou. Acabo uma etapa, começo uma nova marcha.
Não é de todo uma romaria, sequer uma peregrinação. Não passa de um filme sem guião, de uma rota sem mapa, de um percurso deixado ao sabor das marés e dos sentidos. Nunca há de ser mais do que isso, do que uma grande busca de um algo incógnito, que sempre revelar-se-á surpreendente.
Por tudo isso mais vale estar preparado, e a única formação possível nem é a do esquecimento, mas a da aceitação; assimilando o propósito firme de que tudo corra pelo melhor, de que se empenhe tudo, de que não se leve nada mais a não ser boa fé e um sorriso rasgado. São as únicas forças intocáveis, que espero que me alumiem na noite escura. Desta vez não há artefactos atrás de onde me possa esconder, por debaixo de onde me possa proteger. Não há relíquias nem engenhos que me auxiliem, porque largo amarras em busca do silêncio retumbante que é o misterioso.
Nada me impede. O passado é intransmissível, intransponível, tornou-me “eu”, mas por ser neste caso irrelevante, fica. Fica e sedimenta-se por si mesmo: é o degrau e a base para subir ao selim da descoberta; é a vacina administrada pela vida e que me deixa à prova da Vida em si. É um caminho solitário, exposto ao mundo. Mas não tenho medo, nem ânsias, nem nada: a dor purificou-me, o tempo sarou-me, e estou leve. Pronta a correr o que for preciso em busca do incerto, sendo o incerto o que mais me fascina. Por isso nem me despeço, e vou. Começo, sem olhar para trás.

Conquistando novos terrenos, desbravando novas florestas, escrutinando os palmos de novo que distam apenas à distância da curiosidade. Nem sei bem. É exactamente essa, a neblina da ignorância pairando que atrai para o desconhecido, que me impele a passar do ponto sem retorno. É o desconcertante do teu perfume doce e viciante a esperança que me deixa inquieta e revoltada, que me impossibilita a simplesmente deixar-me ficar.
Por isso vou.

Posso ser louca, posso ser imprudente. Mas arrisco.
Agora tudo depende do mar. Depende de ti. Depende se as ondas e os ventos são favoráveis, e se tu estás disposto a deixares-te atravessar. Por mim, dou à volta ao mundo, e não regresso nunca mais.

Francisca Soromenho

First day of school

NOVO .
Novas professoras .
Nova disciplina (Economia A allez!) .
Novos programas .
Novos lugares .
Nova sala .
Novo ânimo .
Nova turma (menos um elemento, mas 'sse bem.) .
novo . tudo novo .

2007/09/12

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA

E,
porque o Verão é a vida inteira...


Amanhã acabam as minhas férias, é certo, mas tomei uma resolução que veio a alterar os planos iniciais deste blog:

Como tem sido bem útil e engraçado, tê-lo, por uma questão filosófico-psicológica, vou prolongar o tempo de vida do blog até altura indefinida. Hey, d'ya mind?

2007/09/09

dor fantasma



Estás sempre aqui, sem estar. Oiço a tua voz, sem falares. Vejo o teu corpo, sem te acercares. Sinto o teu cheiro, sem que a mim te chegues. Tremo com o teu toque, e não é preciso que existas.
Serei louca? Ou a tua separação é a pior tormenta de todas? É uma dor que tortura, clinicamente, sem matar; é o amputar irracional de parte de mim e mostrar-me que sou incompleta, sem ele… sem ti. Porque não morreste, não desapareceste! És, estás… só que longe. Só que separado de mim por um oceano, por um universo, por todo o cosmos que me quer dar tempo. Tempo que se arrasta e prolonga, dias que não passam, horas que mangam, minutos que se riem do meu desespero e segundos afiados que se divertem a demorar. Toda uma estação em seu esplendor, em calor estival que tende a arrastar as semanas e os dias sem repousar em ti.
Às vezes pergunto-me se sofres, se gritas, se igualmente te encontras à beira da demência, com uma urgência louca de amar… De facto, até gostaria que assim fosse. Ao menos, sentir-me-ia mais acompanhada.
Tento distrair-me, tento ignorar! Mas aquela sensação estranha e inexplicável de falta perdura, não obstante o que faça para o evitar. Às vezes, quanto mais me tento abstrair, pior.
Sinto-me responsável por ti, como parte integrante que és, que foste. Continuo a imaginar, de pálpebras cerradas, de olhos postos no horizonte ou na paisagem galopante, o que fazes, como te trais cegamente, como me vendes sem reflectir… como te entreténs num mar mais quente e salgado, e numa areia mais fina que tem a sorte de te beijar, por peles mais morenas e sonhos amolecidos em vagar. Não evito, antes de adormecer, te rever por instantes, e passar-te a mão pelos cabelos (num sonho imenso que me parece tão real!). Sim, ainda que o que me dás hoje, seja só uma lancinante dor fantasma, outrora, num singelo momento, fizeste-me completa – e isso vale por uma vida inteira.
Farei por não te inquietar como me atormentas, mas sabe só isto: de cada vez que o vento soprar com mais força, sou eu que te falo; quando a espuma do mar cair de mansinho na tua pele trigueira, sou eu que te beijo; quando se fizer de súbito um silêncio musical que te murmura palavras ao ouvido; lembra-te que sou eu – só eu, numa costa oposta, num sol poente que confronta a tua aurora – que penso em ti, sempre. E recorda-te que é assim, nesse estado nostálgico e saudoso, que eu vivo – todos os dias, todos os segundos, permanentemente, desde que partiste. Com esse rasar fatal de paixão que eu convivo, com essa falta de Ser que martiriza impiedosamente, numa constante descendente que me prende num turbilhão de emoções contrastantes e ferozes, para me consumir. Prendeste-me para sempre e, de longe, sinto-me responsável por te evocar num canto macio de quem ama. (Fazes-me tanta falta!…)


Francisca Soromenho, 2007/07/20

2007/09/08

Sem ti.

Sem ti, não há a graça de ver o amanhecer numa praia deserta.
Sem ti, a noite perde a adrenalina pulsante que me faz procurar, de entre milhares de rostos desconhecidos, a tua face sublime e inesquecível, a tua figura elegante que nos puxa o canto do olho de dentro de uma multidão.
Sem ti, ficam inutilizáveis nos tempos muitas gargalhadas e muitas fantasias jogadas fora, aladas e brancas, sobre o travar de um cigarro.
Sem ti, perdem o sentido todas as utopias pensadas, porque és a razão do seu existir.
Sem ti, não há espera possível que valha a pena, nem razão para o dilema hesitante de te aguardar, ou correr para o teu encontro.

Não há delírio comparável, nem sorriso tão enigmático quanto o teu. Não há escultura mais exacta do que a forma do teu corpo, nem mãos mais fortes e seguras que as tuas. Não há gargalhada mais franca e entusiasmante do que as tuas. Não há na Terra olhar tão penetrante, e ninguém que me conheça tão bem.
Porque desceste ao meu mesquinho mundo e me deste a mão? Porque saíste do teu pedestal ofuscante, se só para me sussurrar ao ouvido promessas que se estendem na areia como as vagas de mar? Porquê inquietar-me na minha pequenez, e me dares a esperança glorificada de algum dia ser algo aproximado ao digno de ti?
Podes me pedir tudo, tudo em troca, pois daria de bom grado o sopro de vida que há em mim por um simples toque divino teu. E deste-me mais, muito mais, de mais até para o que uma simples mortal como eu poderia jamais aguentar.

É demasiada beleza, é demasiada emoção. É um perfeito “demais” enervante, que me faz duvidar da realidade do momento. És demais, demais para existir, demais para que sequer me contemples… és demais.São quimeras destas que fazem o Viver valer a pena. Por vezes, passamos vidas inteiras à espera que aconteçam e, no entanto… não deixa de ficar em nós a estranha dúvida do porquê. Um porquê amargo que nos vai remoendo a cada segundo do dia e a cada badalada da treva, só para cortar com acidez o doce viciante de todo este sonho.
Francisca Soromenho 2007/09/07

Ainda te sinto.

Ainda te sinto.
Ainda te consigo sentir ao meu lado, a tua presença sólida atrás de mim. Ainda consigo distinguir no espaço do nada os teus olhos que me fazem cegar, a tua voz que me vai ensurdecendo devagarinho, e o teu toque que sempre me paralisou, por dentro. Ainda sou capaz de desenhar no vácuo da solidão os teus contornos fluidos e traços marcados, ainda consigo distinguir e acariciar a tua textura viva no ar por onde passaste. O contraste aliciante da tua figura ainda me atrai para sítios por onde estiveste, e não resisto a passar revista em tudo onde tocaste... tudo, tudo ainda emana bocadinhos de ti.
E tudo sabe a ti. O teu sabor ainda não saiu da minha boca, ainda ficou na minha memória. O teu cheiro entranhou-se nos meus dedos, nos meus cabelos, na minha própria pele, em quem eu sou. E não resisto recordá-lo com a amargura que acarreta qualquer cheiro enjoativamente viciante que, de tanto se cheirar, já nem se nota... mas pelo qual se anseia, no mais fiel dos hábitos rotineiros e ritos automáticos do quotidiano. Foi um vício rápido, contudo, arrebatador, e com promessas de ser duradouro... quiçá eterno.
Ainda em mim se roça o duro dos teus lábios e o calor das tuas juras. Ainda em mim se passeia, deambulante, o áspero das tuas mãos e dos teus beijos fortes. E arrepio-me, à noite, por sentir o teu respirar a um canto do quarto. E sinto falta do teu abraço apertado, do teu calor e o confortável que foi por um momento desejasse que fosse “para sempre”. Dos teus dedos pelos meus cabelos, de relance passeando-se no meu braço... durante horas a agarrar a minha mão.
Oiço-te vivo, físico e imutável nos meus passos. Atrás de mim. Sempre, inabalável, a acompanhar-me e dar-me força ainda que no silêncio de um sorriso quase que sussurrado nas esquinas, quase que um murmúrio de alento e conforto de quem “lá está”.

E sei-te igualmente preso, igualmente arrastado, igualmente recordado. Igualmente firme na crença de que estou sempre contigo, em ti..., sabes bem. Tal como eu ainda te sinto, a meu lado, comigo, presente dentro de mim, também tu tens a certeza de que eu não te abandono. Nunca. E confirmo-te que não só é uma certeza tua, como é uma verdade. Porque eu ainda te sinto.

Francisca Soromenho

2007/09/03

Portugal, Lisboa; Casa dos Avós
Terça-feira, 04 de Setembro de 2007; 04.27 am

Aye a Ericeira foi um abuso!
Foram noites com mergulhos vestidos na água, foram horas inteiras de sol e mar, foram jantares com amigos, shots no la luna, conhecer pessoas novas espetaculares e prender-me a muitas mais, foram revelações, foram serões de "cafuné" em que não se dizia nada, foi ver filmes parvos na "Casa das Bonecas" e cantar para o Zé Miguel no Parque de Santa Marta, foi ver o fogo de artifício, sair para o Ouriço e ir a festas, fazer um luau ("shaker night"), dar passeios, apanhar molas, flirtar com o hippie peruano, os californianos..., jantares de família, noites de Ventil à janela nua com o alemão, enfim. Foi tudo. Nem vale a pena contar dias, palavras, pessoas... que estraga a magia da melhor semana do Verão, Ericeira 2007 - do melhor até agora.
TYTS forever nel mio cuore.

Hoje fez anos a minha Quica e o tio Tafo, amanhã volta a minha mãe e o meu padrasto e recomeça um novo ciclo. Quem sabe o que me espera? Amigos antigos regressaram (reencontro hoje) e amanhã quem sabe o que mais!...

Só que sou Livre, Feliz,... e Sou.

A eterna viajante,
Francisca Soromenho

Speechless

Depois de tanto tempo, tantas experiências, tantos dias de sol e mar e tantas noites de risos e luar,
Depois de tantas pessoas novas, tantas amizades travadas, tantas praias trilhadas e cambaleares sem destino nem bem noção
Aqui jaz a viajante, sem fôlego nem palavra, depois de ter conhecido Mundo já não consegue dizer mais nada
Porque depois de se ver e sentir, cheirar e tocar, conhecer a fundo mais que um oceano, mais que um lugar,
O único conselho de que me lembro é vive-o tu mesmo, porque se não Viveres não estás cá a fazer nada! Há todo um pulsar lá fora a chamar por ti. E o Verão está a acabar.

2007/08/22

http://www.youtube.com/watch?v=Be6jlCuMvVQ
http://www.youtube.com/watch?v=jJrJSSOTPgc

Porque o Verão não tem de ser sem cor (duas provas vivas de que a música comercial, uma de um gajo isequerável - Mika - e outra de um DJ que lhe deu na veia para se mostrar ao mundo, não tem de ser má.)
NJoy

Dream-like .

Portugal, Lisboa; Casa dos Avós
Quinta-feira, 23 de Agosto de 2007; 02.15 am

O dia passou-se muito bem com o Bernardo e a Quica em Cascais (estabelecimentos prisionais allez), passando pela praia, passeando de comboio e levando uma atitude blazé muito conveniente. Amanhã vou para a Ericeira, para uma semana que sempre me é querida no Verão.
E está quase no final, o Verão 2007 - em que aconteceu tanta coisa, mas nada, afinal...

Sonho, é tocar numa fantasia com a ponta dos lábios. E nunca mais esquecer que já se levantou os pés do chão, num momento.

A viajante

2007/08/17

in the black of the night

Portugal, Odemira, Vila Nova de Milfontes; Quinta do Zambujeiro, Escritório
Sábado, 18 de Agosto de 2007 - Dia da Rave - 01.58

É incrível como a balança do equilíbrio se alterou nestes momentos de pausa: paixões antigas instigadas, obsessões novas acesas. Saudades intensificadas, novidades por revelar; apostas feitas,... só nos restas fazer figas e o resto é conversa.
Daqui a umas horas estarei no que promete ser a maior festa do ano, com as expectativas mais altas que a lua. Veremos.
A noite de 10 para 11 foi inesquecível: acabou às 9 da manhã no Malhão, depois de percorrer a noite de Vila Nova.

E Lisboa parece terrivelmente perto: depois de tanto tempo longe de amigos, quase que tenho medo de voltar. E o Verão aproxima-se assustadoramente do final, com marcas a deixar.

Final

Pairará sempre na mente de todos os que respiram, os que amam, os que sofrem, dos que se acham dignos de viver uma incerteza surda que nos remói por dentro: até que ponto há um final? A partir de aonde é que uma etapa acaba, e outra recomeça?
É tão incómodo pensar que todos os Mundos, todas as paixões, todos os delírios ardentes têm um final, tanto quanto desconfortável acreditar que sempre estarão presentes, num sussurro insonoro que nos vai corroendo de cada vez que recordamos.
Em tempo de mudança, quando uma realidade nos abandona para nos deixar livres para que outra se assente em seu lugar, não evitamos a tremer de cada vez que nos lembramos de outros tempos, de outros amores de Verão, de cada vez que contemplamos em cinzas o rasto de fogo que outrora queimava, em seu lugar.
Quando nos concentramos é fácil esquecer, fácil deixar de lado as fantasias antigas que sempre espreitam e apelam nos momentos de maior dor. Mas estão sempre lá, ansiosas por uma oportunidade para consumir as noites quentes estivais, para nos regelar os pensamentos em tardes encobertas e até para nos acalentar a memória no ócio invernal que se arrasta em Dezembro.


No que toca a desfechos, somos perseguidos por paradoxos: é inseguro viver sem eles, mas penoso o caminho até os atingirmos. E nunca, nunca temos a certeza de uma conclusão, por mais que nos tentemos convencer do contrário – o “Fim” é uma invenção humana para nos dar segurança, uma ilusão ansiada, na qual nos arriscamos a perder.

2007/07/19

so long, guess this is goodbye...


Não sei se tenho net em espanha, veremos por isso mais vale despedir-me...


ATÉ AGOSTO!!!


- é favor só mandar mails para o meu mail, porque eu pago 1€ por sms e mais por minuto... visto que vou andar por Espanha. Vou morrer de saudades!



a viajante,

Francisca Soromenho

Saudade


E aproxima-se outra partida, outro adeus, outra despedida que não existiu.

Por quanto tempo, pergunto? Quanto sem contemplar o teu respirar vagaroso e melancólico, quanto sem me deixar hipnotizar? Quanto tempo sem sentir no corpo o teu toque, e pela minha pele os teus beijos firmes que me davam a segurança de existir? Quanto tempo ansiarei eu pela tua voz grossa e pela tua gargalhada, quanto tempo sem te ouvir chamar-me só para me fazeres rir? Quanto tempo passará sem que repouse o meu olhar nos teus ombros largos e braços fortes com que me amparavas e aquecias, quanto sem admirar em silêncio o teu jeito desajeitado e, arriscaria, infantil de encarar a vida?
É como se arrancassem o chão debaixo dos meus pés, sem aviso. Como se estivesse a cair num buraco sem fundo, e meu único consolo é saber que um dia estive em terra firme! Porque não choro nem fico sobressaltada por saber que me vais fazer falta, não… Não tenho medo de sofrer prolongadamente por saudades tuas, mas sim de que a tua presença não seja carecida. Não temo a dor de te ter longe, mas os trejeitos mudos do consciencializar que nunca me fizeste falta, de verdade. Preciso, tenho de precisar de ti.

E por quanto tempo, afinal? Nem que por um segundo fosse!… Mas vai ser mais, vai ser muito mais. Vão ser semanas, meses: vai ser um Verão inteiro sem saber novas de ti. Quase uma vida inteira doravante separados por mar, por gentes, por caminhos diferentes que, de resto, sempre o foram – tocaram-se gloriosamente num ponto, e o seu desfecho depende inteiramente do modo como encaremos esta separação. Parting is such sweet sorrow.
Como sempre, há que pegar na prancha, cravar as esporas, e encarar esta nova fase – de distância – com alguma coragem. E esperança, também. Quem sabe, os quilómetros que nos afastam sejam meras ilusões, e tenhamos sempre um refúgio (só nosso!) onde nos encontrar. Mais um motivo para nos unir. Quem sabe? De pensar, de sentir, de fantasiar, de ter saudades – aquelas, tão fortes que não têm definição –, se calhar, quando voltes, vejas em mim um novo resplandecer… e eu? Bom,… que eu fique apenas destinada a observar um novo brilho, um novo fulgor, em ti. Porque, já que falamos de esplendor? Deixa-me que te diga: para mim, sempre te destacaste!


Francisca Soromenho
2007/07/19

2007/07/18

friends @ casa da Pilar


Já tem algumas semaninhas, mas está gira, sim??

Touch .

Há toques que nos apaixonam e cativam, nos deixam presos para sempre num limbo paradoxal de prazer e sofrimento, em que só nos queremos afogar.
Há toques que parecem beijos: nos enamoram num instante apenas, e que queremos que durem para toda a eternidade.
Há toques que são retumbantemente paradoxais: leves como uma pena a roçar-se lentamente, e intensos como toda a energia do Mundo consumada no mesmo delírio abrasador. Há toques que nos gelam por fora, de tão surpreendentemente reveladores, mas que por dentro nos deixam derretidas de uma maneira inesquecível, irreversível e fatal.
Estas trocas de energia, assim, num tom simples e descomprometido, num gesto irreflectido de amar, que fazem com que a Terra gire e tudo faça sentido, por dentro – ainda que à superfície nos sintamos rodeados num nevoeiro espesso de dúvidas, e confusão. Como é que numa carícia enfeitiçaste tudo em tua volta?

Fazes-me vibrar, e tenho de me amordaçar para não suplicar por mais. Secretamente, quase mais do que o teu toque, gosto da maneira como tremes devagar e baixinho quando brinco com os teus pontos, e quando me divirto a ir onde nunca ninguém ousou ir em ti – forjar do ar ilusões com a ponta dos dedos e, passeando com ciência os meus lábios por sítios insuspeitos, te fazer voar.
Nunca te pedi nada mas, em poucos segundos e sem mistério, foste capaz de me dar mais do que numa vida inteira.


Francisca Soromenho
2007/07/17

nuttin' NU

Portugal, Odemira, Vila Nova de Milfontes - Quinta do Zambujeiro, escritório
Quarta-feira, 18 de Julho de 2007 - 22.00

Não se passou nada de significativo nesta semana.
Sol, algum mau tempo, praia, e hoje estive em Lisboa... por duas horas.

Amanhã vou andar de vela, e sexta embarco numa fatídica viagem por Espanha (uns 10 dias) de carro, com o pai, a avó Filó e a Nena. Não me apetece nada, sem telemóvel nem net nem amigos nem sol nem hotéis decentes, mas a ver se me divirto, eventually. I guess I'll wait and see. Remédio!

Big kiss,

Francisca Soromenho

2007/07/15

uma semana .

Portugal, Odemira, Vila Nova de Milfontes - Quinta do Zambujeiro, escritório
Domingo, 8 de Julho de 2007 - 20.16

Aconteceu muito na última semana.
Começando por Óbidos 2007 - fui Domingo com a avó Filó, Pai, tio Francisquinho e Nez Conceição para lá. Viagem de duas horas linda, com cenários brutais até lá. Chegámos às 4, lanchámos, apanhámos sol e fomos à piscina, fiz o jantar (os bifes de frango comidos pelo vinho azedo xD), e andámos por Óbidos à noite, na praia e a beber chocolate quente ao serão. Segunda-feira levantámo-nos à uma, fizémos sanduiches e andámos até à praia (uns 5 km). SOUBE QUE IA SER MANA E MADRINHA! HAHAHAHA. Fomos ao mercado comprar jolas para celebrar e tobbacco, jantámos almôndegas e repetimos o feito da véspera, indo até à praia e depois piscina de madrugada! Terça-feira almoçámos massada e voltei para Lisboa à tarde. À noite estive por Entrecampos.

Quarta-feira tarde no Corte Inglés, ida à Alameda e jantar no famoso chinês do Bairro Azul com a Verini. Noite lá, também. Quinta-feira levantei-me ainda mais tarde, ter ao Saldanha à hora de jantar com "o pessoal", ida de metro para o Rossio. Choradinho nas bilhiteiras do Sagres Dance Station, e passámos os anos do Rolas na Praça da Figueira. Os carochos.
Sexta vim de manhã para Vila Nova com os avós, depois de passar pela Ameixoeira a deixar o telemóvel ao Gabi (de que convenientemente nos esquecemos na minha carteira...).

Os dias têm sido sempre iguais; Sol, família, aventuras de jipe até ao Sarilhos, perder o tio Zé Maria no meio do Rio, etc.

Vou falando.

A viajante,

Francisca Soromenho

2007/07/07

strange

Portugal, Lisboa; Casa do Pai - quarto, à secretária
Domingo, 8 de Julho de 2007 - 04.08

É estranho como as coisas, em pouco tempo, mudam tanto. Como os sentimentos são voláteis e como há boas surpresas em cada esquina.

Voltei agora do jantar de uma amiga em Belém, onde me fartei de andar até às Docas, onde passei a noite. Ontem tive no Marquês, a visitar um amigo à Estefânia, Saldanha e sair para o Paradise Garage - que, de resto, estava uma trampa. Anteontem também não se fez nada de especial.

Life is indeed the supreme box of chocolates. Vou para Óbidos de manhã, volto Quarta-feira e Domingo para Vila Nova. Quem sabe que mude até lá...?

2007/07/06

Rei

We know where we're going,

we know where we're from.

2007/07/05

Super Bock Super Rock 2007

Guigas, Quica, Chica, Nuno, Leitinho, Gabi e Valente... ou não!

Amigos, Estrelas e Fumos - tudo o que é preciso para se ser Feliz num spot como o nosso.

2007/07/03

disappointments and illusions

Portugal, Lisboa; Casa do Pai - de joelhos na minha secretária
Quarta-feira, 4 de Julho de 2007 - 04.15 am

O dia foi normal - bom, de resto, como está a ser esta semana aus Lissabone.
Descobriram-se coisas. Amigos ficaram mal, e por momentos criou-se um clima de má onda e insegurança entre nós... nada que não se resolva com tempo e, vá, algum suor empregue por boas causas.
Tarde no Saldanha, jantar pacato com o pai, apareceram 3 amigos ao serão e ainda fomos ter com "pessoal" ao Corte para depois vir a Quica cá dormir a casa.

Notas do dia?
Podemos ter muitas coisas e até a ousadia de segurar todo o Mundo nas mãos. Mas nunca podemos confiar em ninguém sem ser em nós mesmos, e até o nosso superego nos desilude once in a while. Há atitudes que nunca esperávamos de so called "amigos", e ideias que têm de nós que nem nos passam. No fim, tudo se acaba por resolver... (remédio :p), mas os Amigos - esses sim, ficam. E se mantivermos a dignidade, somos até capazes não só de nos manter à tona mas, por uns segundos, de voar. Can't keep my eyes from the circling skies.
Será assentar solução? Não me parece, pelo menos por agora. Gosto da loucura viva e táctil do respirar.

2007/07/02

pointless beautiful day

Portugal, Lisboa; Casa do Pai - sofá da sala
Segunda-feira, 3 de Julho de 2007 - 2.15

Sem "porquê", sem razão, sem sentido nem ponto final! Um dia agradabilíssimo, do qual saí com uma orelha rasgada (muhahaha), um conhecimento aprofundado dos Piratas das Caraíbas III e uma barrigada de chocolates e pipocas - não esquecendo um grande sorriso.


Viajar, não é por um mapa físico. Não preciso de sair do país, da cidade, da sala ou nem do lugar para viajar. Posso viajar pela mente de quem se encontra comigo, e posso ir ainda mais longe na minha. Viajar, é abrir os olhos e ver- mesmo que esteja escuro, mesmo que estejamos de pálpebras cerradas.

I have a secret .

... sim, a Felicidade - obrigatória, consciente e constante. Um segredo que pertence ao Mundo inteiro!

2007/07/01

Tapete 2007/06/27

Depois de uma revelação e de muito alcóol (!?!?)...

Ainda estou chocada com a força com que te abateste, de repente. Caiu sobre mim todo o peso da maior ira que já tinha sentido, de tal modo que no momento a seguir fiquei esgotada, completamente absorvida pela intensidade de uma pequena (e, provavelmente, irreflectida) indiferença que me transmitiste. Num instante, tinha a Caixa de Pandora na garganta; no outro, a imensidão de um buraco negro por todo o corpo.
Foi o consciencializar de um vício ou o ressacar de um preexistente? Foi uma dor lancinante ou o consumar de uma grave doença que me ia deixando fraca? Não sei, e pouco me interessa: o que é facto, é que me deixaste inerte – passei de garrida a incolor, de pessoa viva a um mero tapete que possas pisar com toda a facilidade. Fizeste com que nem o chão frio apaziguasse o calor do ódio que se materializa no fundo, na garganta, nas artérias fervilhantes e nas veias mornas que latejam de modo repetente e ensurdecedor.
Rasgaste-me por dentro, não com palavras afiadas, não com puxões e maus-tratos, mas apenas com a falta de atenção. Morri, porque não me regaste. O mais injusto é que não foi água o que te pedi, mas simplesmente o gotejar acre de fel ou verbena, o aspergir de cianeto até me servia… se ao menos fosse vindo de ti.
Percebes agora a minha irritação? Uma raiva tão grande que não tem espaço, que não cabe em mim, em ti, no Mundo nem no Cosmos, um sofrimento tão forte que teve de se ir embora e consigo arrastar tudo o que fui, tudo o que era.
São espantosos os estragos da indiferença.
Contudo, não posso ser totalmente injusta, como tu quiçá foste: agradeço-te por isto, por me teres dado a oportunidade de me reescrever, de me fazer do 0, de Ser simplesmente. Obrigada por, numa fracção de segundo, me teres feito sentir mais viva do que em toda a minha vida.

change, it always changes .

Portugal, Lisboa; Casa do Pai - sofá da sala

Segunda-Feira, 2 de Julho de 2007 (anos do Fortes)- 01.37


De tardes pouco importantes no Atrium, no Camões e no Coreto, a noites em casa da Quinha, à noite de Sexta em que fui barrada e à semana em Vila Nova. Nos entretantos, muitas revelações, muitas surpreas, muitas confidências. Jantares em casa da Cissa e nunca joguei tantas vezes ao Verdade ou Consequência - nem vou falar disso. what happens in Vila Nova, stays in Vila Nova.

Muitas bezas, oh yeah. Muitas gargalhadas, muitas desilusões, muitas descobertas interiores. Tudo a preparar terreno para o Verão 2007.


E no meio disto tudo fiz uma queimadura! Deixo apenas isto...

2007/06/20

mãos & olhos .

Portugal, Lisboa; Casa da Mãe - escritório
Quarta-feira, 20 de Julho de 2007 - 11.40

Ontem foi capaz de ter sido dos dias mais estranhos de sempre. Fizeram-se amigos para sempre, disseram-se coisas importantes que hão de ficar para sempre - frases tão marcantes, acontecimentos tão inéditos que nem se escrevem. Começando por um arrumanço de armário de manhã, limpeza geral ao quarto, passando por ida ao Corte e depois Saldanha, quem diria que havia de ficar entretida até às 4 da manhã à conversa?
Um amigo meu, grande amigo, disse-me coisas que me arrepiaram. Nunca me tinha acontecido antes. Assim, à frente de todos, de pessoas que mal conhecia. Quase como se me despisse. Foi estranho e purificador. Mas avizinham-se tempestades...

Hoje vou almoçar com amigas às amoreiras, devo também parar pelo Saldanha e se calhar janto em algum lado e dou um pulo a santos. Who knows!

A menos viajante,

Francisca Soromenho

2007/06/18

Adeus, até mais não!

Avancei, ignorei. Já não me vou dar ao trabalho de esperar mais por promessas vãs feitas em tardes quentes e noites geladas, ao sabor de um café e um cigarro.

Desculpa, mas já não me consigo importar!
Obrigada pelas noites em claro, pelas arritmias inesperadas e pelos delírios de outro mundo que me fizeste sentir. Espero que tenha sido mútua esta euforia fantástica de quem se quer ocupar...

Pois, errámos. Embrenhámo-nos em tantos segredos, jogos, e paradoxos de sinais confusos que não deixámos fluír, e nos limitámos a observar as coordenadas do outro numa posição defensiva, sem arriscar. Fomos os dois, fomos os dois. Errámos os dois de uma maneira tão estúpida que agora temos de pagar, não pelo que aconteceu, mas pelo que poderia ter acontecido e não se concretizou!
Se eu tenho culpa, acredita, então tu tens mais. Mas não me importo, não me importo... foram boas as investidas que me fizeram parar de respirar, e os momentos de pausa em que ficava absorta de tudo e todos. Foi bom o sofrimento, e as pequeninas alegrias que me ias dando... Foi bom o sonho, foi boa a fantasia, foi bom que tudo tenha acontecido e tão estupidamente tenhamos deixado a pomba voar...

Desculpa: mas não me consigo importar. Não consigo continuar, nem me arrepender. O que se passou, já foi!... Já avancei para outra, outra onda, outras paragens, outras caras e almas a quem me prender.


E se parares para olhar para trás,... bom. Vais sempre a tempo, não é?
Eu parto para o Verão! Parto para o descomprometido, o desconhecido: num sítio em que o único calor que vá a sentir, não é o teu, mas o conforto estival de um escaldão, à noite, acompanhado de cervejas e amigos; e o único frio com que hei de sofrer, não será o da tua ausência, mas o da primeira onda do dia quando chegamos à praia para surfar!

Uma última vez. Vou pensar em ti, vou olhar para a tua fotografia com um sabor na boca e vou mergulhar em recordações. Uma última vez, vou reparar nos sítios em que estivémos juntos, nas palavras trocadas, nas músicas cantaroladas pelas ruas do desafogo. E digo-te adeus, até mais não! Até ao fim de Verão, ou até que te decidas vir para me amar. Até sempre!

QUEM É O ZODIAC, CACETE ?

Portugal, Lisboa, Casa da Mãe; escritório
Terça-feira, 19 de Junho de 2007- 00.46

Acordei cedo, com um torcicolo e a dormir pessimamente no minúsculo sofá da sala. Tomei um café forte, arrumei as malas e o quarto, fui ter às Amoreiras com a best e dois amigos. Fomos para o Atrium e, de lá, fui com uma turma enorme para o Centro Comercial do Campo Pequeno, onde fícámos a fazer horas até às 6, hora a que vimos o Zodiac.
O filme: lindo, ainda que tenha demorado 3 longas horas e acabemos por não saber de quem se trata o assassino. Às tantas, é ela por ela, e desconfiamos de toda a gente!
Baseado numa história verdadeira de um serial killer dos anos 70, auto-intitulado "The Zodiac", um policial muito emocionante cheio de mistérios por deslindar.

Fui jantar a casa com uma grande amiga, das melhores até, e combinei uma semana em Vila Nova de Milfontes com amigos. Bacaano!


Agora vou dormir que amanhã cedinho tenho de arrumar o armário.

A viajante,

Francisca Soromenho

2007/06/17

Início... do fim xD

Portugal, Lisboa, Casa da Mãe; escritório
Segunda-feira, 18 de Junho de 2007- 00.14


Acordei tarde, fiz as malas (again), dei um pulo às Amoreiras e fui ter aos odiados Salesianos, para o Crisma da best e de outros amigos. Estavam todos giríssimos (raparigas com vestidos deslumbrantes e cabelos arranjados, rapazes de fatinho... ui!). Acho eu que também estava engraçada, mais chique que usual, classy as always. Foi uma Confirmação "rápida" (uma hora e quarenta), depois casa da melhor amiga onde houve um simpatiquíssimo lanche ajantarado de família, com direito a ensaio dos BGX and the PM2 (AH SOMOS GRAAANDES!).

Continuou o mais tempo, menos intenso, com calor e humidade. Terrible. Amanhã possivelmente cinema, depois de Amoras e Saldanha. Who knows! O primeiro dia do Verão, e eu sem quarto onde dormir porque a infestação piorou dramaticamente. A mãe e o stepdad foram hoje ver de casa no Restelo (porque a da Lapa está a demorar-se com a escritura), provavelmente impulsionados pelo estado de podridão da casa que se revelou once more com os bicharocos da madeira. HAHAHA já via que mais não!
Apesar de não me apetecer muito viver no Restelo, preferir de longe as grandes Amoreiras... e até a Lapa, é melhor do que ter de dormir como hoje no Sofá... no?

Ainda não sei quando vou para Vila Nocha "definitivamente", só que este fim de semana peço asilo em casa dos avós para não desperdiçar as borgas.


A viajante,

Francisca Soromenho

2007/06/16

... Estamos a meio de Junho ??

Portugal, Lisboa, Casa do Pai; Casa de Jantar
Sexta-feira, 16 de Junho de 2007- 00.31

O temporal continua, e uma solarenga Lisboa do século XXI transformou-se, por um dia, numa cinzenta Londres de uma crónica romântica do século XIX.

Acabei por ir ao Chiado por la mañana, passar a tarde no Atrium e - sim - ir ao Jantar de Turma no Dolce Vita de Miraflores que, btw, foi bem giro. Ver o Ocean's Thirteen. Reviews?
Um grande filme, até agora o melhor Ocean's de todos - na minha opinião - com uma história algo complicada (o esperado num Ocean's) cheia de remates brilhantes. De 0 a 5 dou 3 estrelas e meia, without a doubt.

Amanhã é o Crisma da best e de outra grande grande amiga, a ver se melhora o tempo - porque vou de sandálias de pano de salto alto, vestidinho e blusa muito estival. Oopsi!...
De manhã vou ainda à Baixa dar um passeio. Por isso, devo ir dormir pretty soon.

A viajante,
Francisca Soromenho

"esquesito"

Portugal, Lisboa, Casa do Pai; Escritório
Sábado, 16 de Junho de 2007 - 10.57

Depois de almoçar no Hotel ontem, fui para o aeroporto (minúsculo) de Pamplona. Embarcámos às 5 e picos locais e chegámos eram 7. Tivémos de contornar uma tempestade ao largo de Lisboa e, sim, repetiu-se a paródia da turbulência.

Depois fui directamente para casa do pai onde, injustamente, recebi um sermão sobre irresponsabilidade (não minha, enfim, coisas.) Jantei peixe cozido com pai, avó e irmã, e às 10 fui buscar a Roxy e o Dids a casa e depois fomos para Santos, com um grupo enorme de amigos (people do Sagrado, mostly) até ao Incómodo. Dividimo-nos e, de lá, apanhámos um táxi até ao Paradise Garage.
Quando entrámos (não era ainda uma da manhã) estava vazio, mas logo encheu, encheu e encheu. A música estava "porreirinha", mas o meu Paradise Garage, das festas de há alguns anos, morreu. Está uma bela porcaria comparado com o que era.

Encontrei imensa gente, dentro das quais o meu melhor amigo.
Estava tudo um bocado má onda, uns por umas razões e outros por outras. Visto que ainda estou de castigo, o meu pai veio buscar-me às 3 e meia da manhã e levar a Roxy a casa.

Dormi mal, que está a chover imenso e a casa do pai de manhã é um frenezim insuportável, em particular quando a tonta da minha irmã tem a festinha de fim de ano do colégiozinho. Estou com frio e tenho de ir a casa buscar roupa - espero que Segunda chege depressa, depressa...
Agora tenho de tomar banho para ir ao cabeleireiro, para o Crisma amanhã. Depois a ver se vou a casa da minha melhor amiga e, à noite, não sei o que faça - só que não pretendo por os pés no jantar de turma, 1. por ser num sítio estranhíssimo e estar dependente das fitas do meu pai, 2. porque não me apetece ponto. Jantar de turma jantar de turma, ACORDEM... já não há turma nenhuma!!!!! Irrita-me estas ilusões infantis que têm, quando a maioria das pessoas aposto que se vai cortar. A turma morreu no ano passado, agora há 12 pessoas sozinhas que querem ter melhores notas que as restantes. A turma morreu, e eu não tenho pena.

Escrevo amanhã, ou logo à noite, ou assim.


Love,

Francisca Soromenho

P.S.: Isto é tão injusto. Hoje é o meu primeiro dia de férias e está a chover; chegaram as férias 2007 e eu a rezar para que acabem. Se soubessem o que "férias" implica para mim... São as últimas férias grandes, quase que digo "felizmente". "Férias" é sinónimo de suplício, de controle, de implicação, de chatices e zangas na família. Prefiro ter aulas, ao menos assim sei com o que conto.
Desculpem o estado de espírito, mas a chuva e os sonhos que tive não permitem nada melhor. I'm freaking blue, today.

a noite também tem destas...

Pensava ser impossível, mas estou completa. Numa só noite, revi a minha vida inteira: Encontrei-me. Achei o meu presente, porque vi passado e futuro dançando na mesma sala.
Fiz as pazes com o passado, e dei esperança a um futuro que promete ser mais, e mais,... e sorri. Sorri não porque gostava da música, não porque estava com os meus amigos, mas porque já não há mistérios a deslindar neste entrelaçado paradoxal de frágeis relações entre as pessoas - para mim, fez-se luz. Mesmo sendo de noite, estando no meio da noite.

Francisca Soromenho

2007/06/14

El Campus

Espanha, Pamplona, Navara; Hotel Abba Reino de Navarra, Quarto 103

Sexta-feira, 15 de Junho de 2007 - 10.58 am


Buon giorno. Ontem não escrevi nada porque estava a acabar o portfolio (que, by the way, ACABEI!!!). Fiquei até às 3 da matina a digitar, editar e passar-me dos carretos com a estupidez de um word de 250 páginas. Mas pronto, doesn't matter, agora estou mesmo de férias. Mesmo.


Fui acordada pelo pequeno-almoço ontem às 9.50, tendo a Guadalupe às 10 e meia a buscar-nos pela visita ao campus.

Campus, campus... Isto é lindo. O edifício central é muito estilo Yale, com aquele imperativo clássico impropositado visto que é uma construção dos anos 60. Vimos as salas todas e sentei-me na cadeira do reitor (numa sala impressionante com a fotografia de todos os reitores, já agora, homens de muy buena pinta, e do S. José Maria - que aparentemente tem presença em todas as salas, todas as capelas, todos os pátios...). Acabei por conhecer o reitor que disse que eu devia estudar muito e que "iria conseguir" entrar aqui em Navarra.
Depois vimos a faculdade de Medicina, com a biblioteca com milhares de alunos a estudar num silêncio assombroso, a faculdade de Biologia e os dormitórios dos alunos (há vários, mas vi o das raparigas que era IGUAL ao DARCA! Até o ambience das pessoas era igual). Estive na secretaria a arranjar todo o tipo de papéis sobre a entrada para a universidade (já me decidi a não ir para Medicina, apesar dos grazinanços dos avós e insistência em particular do avô Zé para todas as pessoas de que eu ia para Medicina de facto; pelo que, se entrar algum dia para aqui, será ou para fazer História ou alguma pós-graduação relacionada com relações internacionais). No fim, fui à Clínica - parecia um Hotel, completamente funcional, vimos o ICU e o MCU, as consultas, quartos e salas de funcionários... deu-me alguma vontade de, um dia, estar de bata branca lá a atender gente, devo dizer.
Almocámos no Hotel, vim para o quarto dormir e fazer o portfolio, jantei no quarto de Hotel e pronto, acabei tudo tardézimo.


Hoje fui acordada às 6 da manhã de Lisboa, 7 de cá, nem sei bem para quê visto que já tinha o portfolio feito. Estive durante duas horas a tentar de todas as maneiras enviar as coisas ao pai, objectivo atingido, agora estão a ser impressas e eu, esfaimada, a tomar o pequeno-almoço já frio.



Temos de sair do Hotel às 3 e meia, a ver se eu já tenho então tudo pronto e ainda tive tempo de ir ao cabeleireiro. Devo chegar a Lisboa pelas 7 (hora de lá) e tenho bastantes propostas interessantes para esta sexta-feira: sair, (as natural); ir ao teatro ou jantar com a minha melhor amiga... mas desconfio que não faça nenhuma das coisas, e vá dormir - como fiz no ano passado, no último dia de aulas, em sinal de desprezo por um dia que acho que não deve ser celebrado. É bom estar de férias, sim, mas - call me crazy - eu adoro aulas.



Este fim de semana estou a dormir chez pai: a ver se amanhã vejo primos e/ou vou à praia, à noite temos o jantar de turma; Domingo tenho um crisma e segunda já tenho coisas combinadas. Bom começo de férias, hem?



Vou ver se me arranjo.




Francisca Soromenho





P.S.: ALFAMA GANHOU !!! AH GRANDA ALFAMA!!! (*proud*- a minha freguesia...)

Ah, e para quem estiver interessado, voltaram a entrar-me no quarto... desta vez comigo a dormir. Liiindo!

Porque a chuva dá nestas coisas...

Fui, saí. Viajei para os teus braços, e mergulhei no calor do teu olhar.
Adormeci e regressei. Voltei para ver, para sentir, para tocar, e perceber que o meu delírio era mais - que o meu sonho eras tu.

Deixa ficar escancarada esta noite a janela da ilusão, o portal do sonho, o respirar do Mundo. Deixa que eu te trespasse, por um segundo, metamorfosando-me na luz, no vento que há em ti.
Não arranques de mim a dor!!
Tira-me tudo, tira-me a alma até. Mas não me tires o afiado do sofrimento que sempre me faz voltar... e despertar para uma realidade amarga cheia de contradições. Não me arranques o desespero, a angústia, a agonia de viver sem ti! É o desejo de morrer que me faz sentir viva, e saber-me livre de escolher. Optar por viver outro e outro dia a seguir, apenas para te ver em sonhos e saber que não estás... És o vício, o vício doentio e desesperado de uma rotina intragável de prejuízos. Mas não deixas de saber bem, sem razão.

Francisca Soromenho

2007/06/13

Perdón, Perdón!

Espanha, Pamplona, Navarra; Hotel Abba Reino de Navarra, Quarto no. 103


Quarta-feira, 13 de Junho de 2007, 23.40





Dormi pouquíssimo. Ou foi de emoção por estar fora do controlo paterno durante alguns dias, foi por não ter posto almofada debaixo da cabeça, foi pelo frio e barulho do ar-condicionado, foi por ter deixado a janela aberta; o facto é que passei a maioria da noite a pensar - em tudo, em tudo.

Ouvi o reboliço do avô às 7 da manhã (portanto, 6 da manhã de Lisboa), e pelas 8 e 10 a 'vó veio aqui chamar-me. Voltei a deitar-me, e às 9 e meia tinha um bater à porta despachado que se traduziu num cambalear sonolento até à porta e depois, pela primeira vez na vida - note-se que eu sou uma "criança" viajada - experienciei em primeira pessoa uma barreira linguística. Foi do sono? Perhaps. Mas que é facto que não faz qualquer sentido eu ficar atrapalhada com espanhol, é. "Buenos dias.", disse-me, num sotaque andaluz carregado. "Buenos dias", respondi, com uma melodia argentina que me transportou por momentos. E depois, zás, ficou especada a olhar para mim. Abri a porta do quarto e ela deparou-se, enfadada, com o meu portátil na secretária e eu disse feita avô Zé "puede por en la cama", corrigindo "por favor, coloque en la cama". Ela ficou a olhar para mim e deu-me uma factura para assinar.

Tive uma conversa agradabilíssima com um amigo com quem não falava há muito, logo pela manhã. Concluí o Trabalho de Educação Física (YES!! ficou espetacolheres), e pelas 11 entram-me pelo quarto adentro. Não estão bem a visualizar o filme: maquilhagem esborratada, sapatos pelo chão, cabelo de ouriço caixeiro, pijama abandalhado, e um ar de sono que nem vos digo. "OH!!! Pérdon, Perdón!!" e com isto fecha-me a porta. Depois de ouvir que ela tinha saído do plantão em que ficara à porta do meu quarto, pus o sinalzinho "DORMINDO" na porta, e ia a fechá-la quando ouvi o telefone a tocar. Um pedido de desculpas de uma empregada atrapalhadíssima, a perguntar quando é que poderia voltar para arrumar o quarto. 'Tabééém.

INVASÃO DE PRIVACIDADE - quando pensava encontrar-me em paz, bate-me a avó à porta. Eu mal saíra do banho. Era uma e meia da tarde (vida de hotel é que é, babe). Senta-se na cama, eu a querer vestir-me e arranjar-me (não gosto propriamente que me vejam a por a roupa interior, creme, etc) e ela aqui. Sei que não fez por mal, mas anyway, que seca!!

Apanhámos um táxi e às 15.00 estávamos à porta do Ristorante C. qualquer coisa (era um nome italiano), o melhor restaurante a que fui. Atendeu-nos um maricas simpatiquíssimo (homofobia aparte). Almocei Salada Caprese (o meu clássico) e depois Risotto con brocoli y queso, óptimo, e provei o gelado de chocolate do avô. Um paraíso gastronómico.



Decadência: fui com a avó a pé até à Bershka do sítio, onde gastei 20 euros em coisas giras de uma moda que se começa a ver cá (depois mostro, bem engraçadas) e depois ao El Corte Inglés, onde me aconteceu algo fascinante: fiquei com claustrofobia. O ECI de Lisboa é muito maior, e senti-me quase que apertada nestre!! Não comecei aos berros e tonturas - Deus me livre - mas não estava muito cómoda lá, não. Comprei eye-liner e mais umas futilidades pouco importantes, e dois pares de sapatos de tácon lejano para o Verão. Mas agora à parte gira:



A cidade é linda. Perfeita. Foi feita à minha medida: com a grandeza e imponência do Mundo, mas pequena para que caiba da palma de uma mão. Perfeita.

Foi desenhada para andar a pé. No sopé dos Pirinéus (que fitam-nos do alto, sombrios, metendo-me imenso medo, devo confessar... não sei porquê), é completamente plana e acimentada, num cimento cómodo ao olhar por ser disposto como que em blocos. Completamente acessível a cadeiras de rodas (não que precise, felizmente, mas só para que se perceba), dá gosto andar a pé em Pamplona. A brasa que estava, a segurança e simpatia contagiada pelas pessoas, tudo a um ritmo calmo de boa-educação que nos embalavam suavemente num espaço sem tempo. Os verdes dos parques espalhados pela cidade puxam-nos, chamam-nos, cantam-nos docemente. É facílimo orientarmo-nos por aqui, também, pois as placas estão por todo o lado (em Espanhol e Navarrez - um dialecto estranhíssimo), e as pessoas parecem sempre querer ajudar.

A cidade vai-se enchendo de estudantes antes dos exames de Junho e Julho. Joggers correm em frente ao Hotel constantemente, metendo inveja (quem me dera ter trazido o fato de treino!!). Grupos de jovens deitam-se no relvado e conversam despreocupadamente. Às vezes apetece-me ligar aos meus melhores amigos para conversar, para falar, mas é como se o ambiente pedisse silêncio e contemplação. Too much Opus? Perhaps. Que é facto é que há algo de diferente na cidade... ou então é de mim, sim. Ou então sou eu que simplesmente me entusiasmei tanto com esta pequena fuga, esta viagem, que não evito sorrir de cada vez que me lembro onde estou - e, oh, tudo me lembra este descanso maravilhoso (E FALSO - portfolio... hehem) onde me encontro, parada no tempo, numa cidade atirada a um canto de Espanha em que tudo se conjuga calmamente, num puzzle vocacionado para o estudo e a pacificidade.



Não me apeteceu jantar. Instead, fiquei a "tratar dos meus assuntos" (hehem, tentar fazer o portfolio.. cof cof... tentar!) e observar, imóvel, o pulsar ritmado da vida neste dia normal em Navarra. Sim, ok, admito: estou apaixonada pela cidade, por esta urbe idílica onde me apetece "virar as costas para o Mundo", e lançar raízes. Só gosto mais de três cidades no Mundo: Lisboa, Alter-do-Chão e Angra do Heroísmo.



Vou dormir. Amanhã a Guadalupe vem buscar-me para o passeio na cidade às 10.00 da manhã, (09.00 de Lisboa), e tenho de me levantar uma hora e meia antes. Até que estou entusiasmada!





A viajante,



Francisca Soromenho

2007/06/12

Soromeno, la china


Espanha, Pamplona, Navara; Hotel Abba Reino de Navarra, Quarto 103
Terça-feira, 12 de Junho de 2007 (anos do Tomás Santos e da Isaurinha)- 23.54

Como normal - e arriscaria, evidente - fui abruptamente acordada às 7 e 20 da manhã pela Mãe, histérica, estando a dormir de uma maneira excepcionalmente confortável (... yeah, right : ) ao lado da Madalena. O que se passa: uns bichos da madeira decidiram reproduzir-se no fim de semana prolongado em Vila Noxa, e multiplicar-se no meu quarto, o que tornou virtualmente impossível o passar de uma noite tranquila com múltiplos seres destes na minha cama. Despedi-me da ursa (bom, e MUITO raramente querida, vá) da minha irmã e fui fazer a mala, a custo. Deu-me uma neura desgraçada ver que esta era, indeed, a minha primeira mala de férias; a primeira de muitas outras.

Pelas 10 tomei o pequeno almoço, um suminho de laranja para arrebitar, e às 10 e 20 ingressei numa conversa desmotivadora sobre notas - hey, não que eu não as tenha brilhantes... mas ainda assim podiam ser um ponto acima (falo concretamente do 18 injusto a Filosofia, que devia ser 19, e da mesma situação a História, for instance.). Às 11 vieram-me buscar, check-in meia hora depois, e fiquei no lounge da sala VIP da Portugália no Aeroporto da Portela, estando a passear-me por este até ao embarque, à 1 e meia.
A avioneta "bi-helica" descolou com os seus 9 passageiros, piloto e co-piloto às 14.06 de Lisboa, e chegámos ao Aeroporto de Pamplona às 16.58 locais. No meio houve o episódio engraçadíssimo e hilariante de ficarmos 10 minutos no breu total e passarmos por um "ligeiro período de turbulência", isto em gíria de capitão aéreo, ou seja, sermos sacudidos terrorificamente dentro de uma casquinha de ovo mais estreita que um carro. Very nice, very nice.
Chegada a Pamplona -- a brasa. Estavam 32 graus, numa planície espanhola fronteiriça que se estendia até aos Pirinéus. Beautiful.

Apanhámos um cab, e fui introduzida no campus. O Taxista, no seu espanhol carregado, foi-nos explicando as instalações da cidade universitária e as faculdades, centros de investigação, dormitórios, cantinas, e, enfim, infraestruturas paralelas e inerentes, tudo numa cidade cujo único propósito é abastecer o consumismo insaciável de toda uma população jovem universitária internacional, estudantes do mais alto gabarito que se deslocaram até aqui com o único propósito de assegurar um futuro brilhante com um curso XPTO... e uns anos de loucura.
A cidade é plana, seguríssima e linda.

Fiquei no quarto de Hotel (alone! ihihih, os avós no quarto ao lado) até às 7 e meia da soir locais, hora a que me dignei a dar um passeio pelos parques onde corriam joggers cansados da actividade cerebral intensa e grupos de amigos se deitavam na relva do parque aqui em frente, numa actividade de convívio tão despretenciosa e natural, idílica e cinematográfica que despertou em mim sentimentos ambíguos de inveja e de felicidade por ver algo "so real", bem como uma vontade incontrolável de sacar da máquina e me armar em Bá.
Fui tomar um coffee ao bar aqui de baixo, confraternizar com uns alemmonds, ler um jornal... continuar a trabalhar, e às 21.30 juntei-me aos meus avós e à Guadalupe A., uma professora universitária da Faculdade de Medicina de Pamplona, esta mesma, doutorada em Enfermagem na própria Universidade. Fartei-me de desenrascar em espanhol com um sotaque fortíssimo e arranhado de argentino (thanks Dad :) e ela adorou-me - ok, sou tããão modesta...
Jantei una salada típica de navarra, bien como un lenguado relleno de marisco e después un sorbet de melón al menta. Delicious!

Acabei com um longo e demorado passeio a levar a Professora Guadalupe a sua casa, de saltos, carteira e blusa aberta, numa noite de estio quente e estrelada por passeios acimentados e ruas organizadas e calmas, pacíficas e muito seguras. Menos de um quilómetro de total equilíbrio e plenitude, acompanhados de um cheiro intenso a relva molhada.

Passa agora da uma da manhã em Espanha, e vêm acordar-me às 9 e meia para uma manhã intensa de estudo (TENHO DE ACABAR OS TRABALHOS, caray!) e possivelmente passeios sob o sol académico de estudantes com músculos tonificados, prontos a mostrar-me as instalações ^^. Upa upa. Provavelmente vou até à clínica a pé, onde a 'Vó já estará a fazer PETs e TACs e assim, e de resto estudarei. Intercalado com mais passeios a pé e ver as vistas humanas, urbanas e paisagísticas (... mas principalmente humanas).
Quem estará a ganhar as marchas populares, hum hum? Tinha já combinado com um par de amigos ir hoje, há bastante tempo, e qual não foi o meu espanto quando inúmeros outros círculos de amigos distintos me falaram hoje mesmo, já estando eu em Espanha, no assunto. Mas paciência. Marchas populares, haverá muitas. Vindas à socapa e a faltar às aulas a Navarra, não me parece.

Assim me despeço,
a viajante,

Francisca Soromenho
P.S. 2007/06/13 : "Soromeno, la china" porque a Guadalupe disse que tinha traços "chinos" - chineses. :P com que então, a maquilhagem não engana, não é?

Verão 2007

Foi ontem à noite que reparei no sucedido: que era o meu último dia de aulas. Sim, para este Verão não tinha grandes planos, grandes projectos, não tinha feito resoluções e rasgado cartas, não tinha dito adeus a amigos e amores, nem abraçado novas aventuras e feito projecções idealistas do nada.




Para o Verão 2007 limitei-me a ser. A existir. A coabitar pacificamente com uma realidade tão natural e imutável como o mudar das estações, o girar do planeta, um estio que se adivinha numa tarde solarenga.

O Verão 2007 atropelou-me, atingiu-me de súbito.
Sabia pois que vinha a Navarra acompanhar a minha avó no seu exame de check-up à clínica, pois fez aqui uma quimioterapia ligeira este ano que correu bem e acabou com sucesso com um linfoma no início. Mas - julgava eu - que voltaria na quinta-feira, e ainda iria ao último dia de aulas. Qual quê!


Segunda-feira foi o último dia do 10.º ano 4 2006/2007 completo.
Feedback deste ano? Indescritivelmente estrondoso. O ano em que mais mudei, em que mais fiz, em que mais me esforcei. De cavalos a ginásio, a espiritualidade e a amigos, passando pela parte académica (evidentemente), nunca me correu tão bem. Até familiarmente, apesar das turbulências usuais (e um pouco mais sérias... mas, well, são as que tornam a vida especial, n'est pas?) as coisas amainaram.
Um ano que começou lindamente. Correu bem, com muitas e grandes adversidades. Para acabar ainda melhor!


Preciso de entregar o Portfolio de História A e o Trabalho Anual de Educação Física. Mas fora isso estou livre, livre. A partir de sexta-feira entro com o pé direito nas grandes, nas inéditas, nas últimas Férias Grandes da minha vida.


O Mundo aguarda e ruge: encontro-me voltada de braços abertos para o mais pleno dos desconhecidos. Passando por Lisboa, Vila Nova de Milfontes, Ericeira e quiçá Algarve e Vila do Conde, estas prometem ser as melhores férias de sempre. Vou pelo menos fazer por isso.

Viro uma página, encerro um capítulo; dou continuidade à minha autobiografia em tempo real. O 10.º ano 2006/2007 foi mais que um ano: foi uma loucura, foi um delírio, foi um gosto a Vida. Aconteceu e não hei de esquecer; passou mas estas marcas hão de ficar. Para sempre.






Obrigada a Deus, à Vida, ao Mundo e a TODOS que tornaram estes 9 meses na LOUCURA!



Agora entro de Férias, e isso,... ninguém me tira!!!







acompanhando a maior viagem de todas