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2007/09/08

Ainda te sinto.

Ainda te sinto.
Ainda te consigo sentir ao meu lado, a tua presença sólida atrás de mim. Ainda consigo distinguir no espaço do nada os teus olhos que me fazem cegar, a tua voz que me vai ensurdecendo devagarinho, e o teu toque que sempre me paralisou, por dentro. Ainda sou capaz de desenhar no vácuo da solidão os teus contornos fluidos e traços marcados, ainda consigo distinguir e acariciar a tua textura viva no ar por onde passaste. O contraste aliciante da tua figura ainda me atrai para sítios por onde estiveste, e não resisto a passar revista em tudo onde tocaste... tudo, tudo ainda emana bocadinhos de ti.
E tudo sabe a ti. O teu sabor ainda não saiu da minha boca, ainda ficou na minha memória. O teu cheiro entranhou-se nos meus dedos, nos meus cabelos, na minha própria pele, em quem eu sou. E não resisto recordá-lo com a amargura que acarreta qualquer cheiro enjoativamente viciante que, de tanto se cheirar, já nem se nota... mas pelo qual se anseia, no mais fiel dos hábitos rotineiros e ritos automáticos do quotidiano. Foi um vício rápido, contudo, arrebatador, e com promessas de ser duradouro... quiçá eterno.
Ainda em mim se roça o duro dos teus lábios e o calor das tuas juras. Ainda em mim se passeia, deambulante, o áspero das tuas mãos e dos teus beijos fortes. E arrepio-me, à noite, por sentir o teu respirar a um canto do quarto. E sinto falta do teu abraço apertado, do teu calor e o confortável que foi por um momento desejasse que fosse “para sempre”. Dos teus dedos pelos meus cabelos, de relance passeando-se no meu braço... durante horas a agarrar a minha mão.
Oiço-te vivo, físico e imutável nos meus passos. Atrás de mim. Sempre, inabalável, a acompanhar-me e dar-me força ainda que no silêncio de um sorriso quase que sussurrado nas esquinas, quase que um murmúrio de alento e conforto de quem “lá está”.

E sei-te igualmente preso, igualmente arrastado, igualmente recordado. Igualmente firme na crença de que estou sempre contigo, em ti..., sabes bem. Tal como eu ainda te sinto, a meu lado, comigo, presente dentro de mim, também tu tens a certeza de que eu não te abandono. Nunca. E confirmo-te que não só é uma certeza tua, como é uma verdade. Porque eu ainda te sinto.

Francisca Soromenho

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