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2008/03/17

untitled, unspoken

Há uma comunhão silenciosa de sensações e pensamentos que nos invadem, há uma fusão numénica de Ser, entre nós e, caídas do Céu após muito reflectir, as respostas para o que nos atormentava. É assim tão simples, deixar o vício da adrenalina que me consumia, e ver no nada mais puro e desordenado um sentido que me salve?
Ò, doce feitiço, companhia vigilante das primeiras horas da Alva, tu que cuidas num todo o que Sou, do que preciso e o que quero, concede-me hoje a mais ténue garante de que o que vivo não é só uma ilusão. Farás com que se dissipe a miragem, mostrando que no reflexo não há uma cópia, mas uma reciprocidade deste mesmo intenso experienciado?

Não fales, pois entre nós as palavras perdem-se e o sentido é apreendido com apenas um olhar. Deixa que me quede, baloiçando-me no grave da tua voz, mergulhando no profundo do teu olhar pardo… Vagueando pelas linhas do teu rosto e contornos que assumes ante mim. Fundindo-me com o macio da tua pele, emaranhando-me em regime voluntário nas ondas do teu cabelo, deliciando-me com o teu perfume, e bebendo dos traços que te tornam a meu Espírito Evidente.
Com o mesmo tom sublime com que me trespassaste, invetera-te agora em quem Sou, sem que me peças permissão, pois no meu raciocínio turvo temo negar-te, por receio puro do que possa vir a achar. Impõe-te, vera Essência! Que neste “perceber” contínuo, passando pelo poço inesgotável do que fomos adquirindo e queremos absorver, há uma magia perfeita e circular, a que insistimos denominar “fado”. Há a representação demasiadamente clara para que a apreendamos, e tentamos infundir um cariz místico neste Autêntico que se apresenta... por vezes, a Verdade é demasiadamente despretensiosa para se compreender, demasiado nua para que se contemple: demasiadamente verdadeira para se admitir. E careço de uma certeza palpável, que anule as dúvidas interiores que versam sobre a minha Ideia difusa, que distinga doravante e para todo o sempre o Quimérico do Real.

Alma gémea, perdida noutros mares que por ti clamam, sob o mesmo sol que apresenta faces distintas, que do mesmo berço e núcleo duro emanas… quão infantil é a nossa descoberta, neste estado maravilhado de perplexidade em que fomos forjados, para realizar por fim não há solidão! Apenas trevas afastadas pela Luz una da vitoriosa compreensão, numa matemática intocável que entre nós se decifrou.
Consorte de toda uma jornada, que para a mesma meta se dirige, não obstante os desvios que tenha de tomar; aceita hoje a minha Força como fonte última de conforto, que te aplaque os temores para que possas em pleno acabar com os meus, e dá-me a mão para que transponhamos este obstáculo que se acerca – a cegueira de não te reconhecer.

Ultrapassamos esta sobreposição de almas, numa união que deifica a nossa Natureza falível de animal. Finalmente, esta liga inquebrável, num aproximar furtivo mas calculado, num momento que transcende o que nos rodeia, se consuma, de maneira intemporal.
E silêncio, e calma, e nada… estendendo-se no Entendimento, antes do Princípio e após o Fim. De onde tudo advém, por onde tudo passa e para aonde tudo remete – o Todo arraigado no Ser.
E nós dois, e nós dois...

Francisca Soromenho

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acompanhando a maior viagem de todas